Sob pressão crescente para participar de um acordo internacional para combater a mudança climática, a Índia anunciou nesta quinta-feira (1º) seu plano de longo prazo para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e elevar sua produção de energia solar, hídrica e eólica.
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Terceiro maior poluidor do mundo, a Índia foi o último grande país a emitir o seu plano antes da cúpula de Paris, em dezembro, destinada a forjar um novo acordo abrangente sobre o tema.
ATÉ 2030
Segundo o plano, a Índia não se compromete com uma redução absoluta dos níveis de emissão de carbono, ao contrário de outras grandes economias poluentes, como os EUA, a China, a União Europeia e o Brasil.
As emissões da Índia continuariam a subir, mas a um ritmo mais lento que o atual.
Ainda assim, alguns defensores do meio ambiente elogiaram o compromisso do plano de energia renovável e disseram que, se for aprovado, poderia colocar a Índia no caminho certo para reduzir as emissões no longo prazo.
"Este é um passo muito significativo para a Índia", disse Anjali Jaiswal, diretor do programa da Índia no Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, um grupo de Nova York.
"Isso coloca a energia renovável no centro do plano e posiciona a Índia para novas reduções das emissões no futuro. É uma mudança do que temos visto. "
No cerne da proposta está o compromisso de reduzir o crescimento das emissões geradas por combustíveis fósseis entre 33% e 35% até 2030 (tendo como base 2005).
A plano prevê também que, até 2030, 40% da eletricidade venha de fontes não fósseis, como as energias eólica, solar, hidrelétrica e nuclear.
O Brasil anunciou suas metas no último domingo (27), prometendo reduzir em 37% a emissão de gases de efeito estufa até 2025, usando 2005 como ano de referência, e em 43% até 2030. O número é alto se comparado à maioria dos demais países, mas se ampara essencialmente em mudanças já realizadas.
Pelo plano indiano, a economia do país irá crescer cerca de sete vezes até 2030 (em comparação com 2005), mas as emissões de carbono crescerão bem menos -irão triplicar.
INTRANSIGENTE
Durante anos, a Índia tem sido visto como intransigente nas negociações globais sobre mudanças climáticas.
Líderes do país afirmam há muito tempo que a prioridade é tirar da pobreza uma grande parte da população e que isso não poderia ser feito rapidamente sem a expansão do uso do carvão, o maior contribuidor para o efeito estufa.
Em uma posição alinhada à do Brasil, os dirigentes indianos também alegam que os países ricos como os Estados Unidos carregam a responsabilidade moral em relação ao aquecimento global e não devem negar aos países pobres a oportunidade de fortalecer as suas economias.
Nesta semana, a Índia recebeu críticas de analistas que disseram que, ao resistir a uma redução absoluta mas emissões de carbono, os formuladores de políticas em Nova Déli estavam indo contra a corrente global.
"Esta é uma abordagem muito conservadora", disse Durwood Zaelke, presidente do Instituto para a Governança e um Desenvolvimento Sustentável, centro de pesquisa com escritórios em Washington e Genebra (Suíça).
No início da semana, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o presidente dos EUA, Barack Obama, discutiram seus planos sobre as mudanças climáticas em uma reunião bilateral em Nova York.
Pessoas familiarizadas com as conversações disseram que os dois líderes podem anunciar ações que envolvam o fornecimento de tecnologias de baixo carbono desenvolvidas pelos EUA.
Modi deve anunciar o novo plano nesta sexta (2), em Nova Déli, em um evento programado para coincidir com a celebração do aniversário do mahatma Gandhi, pai fundador da Índia moderna.
O governo indiano porém colocou seu plano, de 38 páginas, em um portal público da ONU na noite desta quinta-feira.