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Turquia adverte Rússia após violação de seu espaço aéreo

"As Forças Armadas turcas têm instruções claras. Mesmo que seja um pássaro voando, será interceptado", disse o primeiro-ministro turco, Ahmed Davutoglu

Da AFP
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Publicado em 05/10/2015 às 13:30
Foto: ECPAD / EMA / ARMEE DE L'AIR / AFP
"As Forças Armadas turcas têm instruções claras. Mesmo que seja um pássaro voando, será interceptado", disse o primeiro-ministro turco, Ahmed Davutoglu - FOTO: Foto: ECPAD / EMA / ARMEE DE L'AIR / AFP
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Ancara advertiu nesta segunda-feira (5) a Rússia sobre as consequências de violar seu espaço aéreo a partir da Síria, depois que seus caças interceptaram no sábado um avião russo que sobrevoava a Turquia e o obrigaram a dar meia volta.

O exército turco também anunciou que dois de seus caças F-16 foram perseguidos por um MIG-29 sem identificação, na fronteira com a Síria, onde Moscou iniciou, na semana passada, uma campanha em apoio ao presidente Bashar al-Assad.

"Nossas regras de intervenção são claras para os que violam nosso espaço aéreo", declarou o primeiro-ministro turco, Ahmed Davutoglu, à televisão turca Haber-Turk.

"As Forças Armadas turcas têm instruções claras. Mesmo que seja um pássaro voando, será interceptado".

O primeiro-ministro se negou, no entanto, a falar de uma crise entre seu país e a Rússia. "Nossos canais permanecem abertos", disse, desejando que Moscou abandone suas más atitudes.

Jens Stoltenberg, o secretário-geral da Otan - da qual a Turquia faz parte - também denunciou nesta segunda-feira "violações inaceitáveis do espaço aéreo turco por aviões de combate russos".

"Peço à Rússia que respeite plenamente o espaço aéreo da Otan e evite uma escalada de tensões com a Aliança", declarou Stoltenberg em um comunicado, no qual anunciou a convocação de uma reunião de urgência dos 28 países da Otan na noite desta segunda-feira.

Um funcionário de alto escalão dos Estados Unidos insinuou nesta segunda-feira em Madri que a violação do espaço aéreo turco por um avião russo foi deliberada. "Não creio que tenha sido um acidente", disse.

Turquia e Rússia divergem sobre a forma de administrar o conflito sírio. Moscou é um dos poucos aliados de Assad, enquanto Ancara considera que a saída do presidente é imprescindível.

Os aviões russos sobrevoam o território sírio desde quarta-feira, realizando bombardeios que, segundo Moscou, apontam para alvos do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no norte e no centro do país.

O ministério da Defesa russo indicou nesta segunda-feira que sua aviação bombardeou nove alvos do EI nas últimas 24 horas.

Mas vários países ocidentais acusam a Rússia de concentrar seus ataques contra os grupos opositores a Assad.

Catástrofe em Palmira

O diretor do Departamento de Antiguidades da Síria, Mamun Abdelkarim, disse à AFP que o EI pulverizou no domingo o Arco do Triunfo da cidade antiga de Palmira, patrimônio mundial da humanidade.

"Isto é uma destruição metódica da cidade. Querem arrasá-la completamente", lamentou Abdelkarim. "Estamos vivendo uma catástrofe".

O grupo jihadista já destruiu algumas das joias arqueológicas de Palmira, como suas famosas torres funerárias, os templos de Bel e Baalshamin e a estátua do Leão de Athena.

O EI considera como objetos de idolatria as obras religiosas pré-islâmicas, principalmente as estátuas.

Vários especialistas afirmam que os jihadistas utilizam a destruição destas obras como meio de propaganda entre possíveis novos recrutas.

Palmira caiu nas mãos do EI em maio, mas o califado sírio se aproxima da cidade pelo oeste, e teme-se que os jihadistas acelerem a destruição da localidade diante da chegada das tropas de Damasco.

Riscos de guerra religiosa

O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, pediu que os bombardeios na Síria não atinjam apenas o EI, mas também os outros grupos considerados terroristas.

Segundo ele, o risco maior é que o conflito se torne uma guerra psicológica.

"Quando uma pessoa vê que um conflito que começou sendo uma guerra civil está se convertendo em uma guerra regional que envolve poderes internacionais, como Rússia, Irã, Estados Unidos, o risco é sério", acrescentou.

O EI aproveitou o caos provocado por quatro anos de guerra civil na Síria, um conflito que deixou mais de 240.000 mortos e milhões de deslocados, para estender sua influência no país.

A campanha da coalizão liderada por Washington não conseguiu derrotar os jihadistas, e os governos ocidentais temem que a intervenção russa piore a situação.

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