A divulgação em circunstâncias misteriosas de uma carta privada ao Papa Francisco assinada por 13 cardeais conservadores denunciando o funcionamento do Sínodo sobre a família elevou a tensão nesta terça-feira (13) no Vaticano, com um dos signatários evocando o espectro de um novo "Vatileaks".
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Nesta carta confidencial datada de 5 de outubro, os 13 cardeais, figuras conhecidas de vários continentes, contestam a organização do Sínodo, explicando temer que os progressistas sejam beneficiados.
O texto foi divulgado na segunda-feira (12) pelo vaticanista Sandro Magister, um dos críticos do pontificado de Francisco, excluído da sala de imprensa em junho por ter divulgado o texto da encíclica "Laudato se" antes de sua publicação oficial.
"Este é um novo Vatileaks. Uma carta particular pertencente ao Papa. Como foi publicada?", reagiu um dos signatários, o cardeal alemão Gerhard Ludwig Müller, guardião da doutrina em Roma, exigindo que os responsáveis pelo vazamento sejam revelados.
Em 2012, documentos confidenciais dirigidos ao papa Bento XVI foram vazados à imprensa. Seu mordomo, Paolo Gabriele, foi condenado por transmitir estes documentos. Posteriormente, foi perdoado.
O cardeal australiano George Pell, todo-poderoso secretário para a Economia, admitiu ter assinado a carta, afirmando que o texto publicado continha imprecisões e que a lista dos signatários não era precisa.
Estranhamente, quatro cardeais erroneamente citados formalmente negaram ter assinado o texto, em particular o cardeal de Paris, André Vingt-Trois, um dos vice-presidentes do Sínodo, e o cardeal de Budapeste, Peter Erdo, seu relator-geral.
Na segunda-feira (12), o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, pediu aos jornalistas que fossem cautelosos com o texto e seus supostos signatários.
A carta se concentra na proibição da comunhão para divorciados novamente casados, que eles consideram algo inegociável. Também questiona indiretamente a neutralidade da comissão que o Papa encarregou de elaborar o documento final do Sínodo.
O cardeal Donald Wuerl, arcebispo de Washington e membro da comissão, no entanto, garantiu ao jornal britânico The Tablet que não viu "a manipulação que eles falam. Participo de sínodos desde 1990 e este é um dos mais abertos".