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Apesar de três semanas de bombardeios intensos por parte da Rússia, e da ajuda de seus aliados iranianos e do Hezbollah, o exército sírio não conquistou avanços significativos diante dos rebeldes devido ao cansaço e à falta de energia, segundo analistas.
As tropas sírias lançaram simultaneamente cinco ofensivas no norte, oeste, centro e ao redor de Damasco para debilitar os rebeldes, obrigados a combater em vários fronts, mas segundo uma fonte de segurança síria só conseguiram avançar ao sul da cidade de Aleppo e ao norte de Homs.
"O apoio aéreo russo não consegue modificar o equilíbrio a favor do regime, porque há muitas lacunas e pontos fracos nas forças terrestres sírias", disse à AFP Yezid Sayigh, analista do Centro Carnegie de Beirute.
As Forças Armadas sírias contavam com 300 mil homens nas unidades de combate no início do conflito, mas nos últimos quatro anos as baixas, as deserções e a rebeldia dos jovens aptos ao serviço militar enfraqueceram consideravelmente suas fileiras.
Na tentativa de recuperar terreno, o regime, que atualmente não controla mais de 30% do território, conta com o apoio de milhares de milicianos sírios, de combatentes do Hezbollah libanês e Guardas da Revolução iranianos.
Os ataques da aviação da Rússia, aliada inabalável da Síria, que realizou mais de 500 missões em três semanas, não foram suficientes para restabelecer o equilíbrio a favor do regime.
Para os especialistas, a ajuda russa, dos aliados iranianos e do Hezbollah impediram o colapso das forças armadas e, portanto, do regime.
A intervenção russa "restabeleceu o ânimo" do exército, mas não muito mais, disse Sayigh à AFP.
Antes da ofensiva, o ânimo das tropas estava no chão e os soldados abandonavam posições de combate.
Além disso, as forças armadas tinham poucos materiais de guerra sofisticados.
"A aviação síria havia esgotado quase todas as suas munições e mísseis" e "só dispunha de barris explosivos de fabricação local", afirmou à AFP um especialista militar árabe que esteve destacado na Síria.
Inclusive os tanques sírios, que constituíam a principal força de ataque do exército, estavam paralisados pelos rebeldes, que dispunham de uma grande quantidade de mísseis antitanque TOW, entregues pelos aliados.
A intervenção russa foi anunciada com alarde, mas as "mudanças em terra são mínimas", estima Karim Bitar do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas de Paris.
"No plano militar os russos buscam sobretudo conservar o status quo e manter as regiões controladas pelo regime de Assad", afirma Bitar.
"O regime não ganhou muito espaço" e "a sangria de feridos graves pode enfraquecer suas forças diante de um ataque rebelde", afirma Chris Kozak, do Instituto de Estudos de Guerra de Washington.
No entanto, fontes próximas de Damasco, o regime e seus aliados estão preparados para um longo combate.
"É preciso esperar 90 dias para avaliar os resultados da operação em andamento, ninguém apostava em resultados significativos em alguns dias", sustenta uma fonte militar síria.
"Passaram-se apenas duas semanas e o exército enfrenta grupos armados fortes, o avanço fraco é lógico na fase inicial", explica Al-Walid Sukkarieh, especialista militar libanês e deputado do Hezbollah.
"Temos que esperar que os ataques russos enfraqueçam os grupos (rebeldes) e depois os avanços serão mais rápidos", acrescenta.