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A França obteve, nesta terça-feira (17) , apoio unânime de seus parceiros da União Europeia ao seu pedido de assistência militar na luta contra o grupo Estado Islâmico no Iraque e Síria, além de pontos de operações na África, quatro dias depois dos atentados mortíferos de Paris.
"A França pediu ajuda e assistência" e "a UE, através da voz de todos os Estados-membros, expressou de maneira unânime seu total apoio", disse a chefe da diplomacia europeia, Fererica Mogherini, em uma coletiva de imprensa conjunta, em Bruxelas, com o ministro da Defesa francês, Jean-Yvez Le Drian.
Este apoio "é um ato político de grande importância", disse Le Drian.
O ministro francês e a chefe da diplomacia europeia participam, nesta terça-feira, de uma reunião de ministros da Defesa em Bruxelas, poucos dias depois dos atentados reivindicados pela organização Estado Islâmico, na última sexta-feira, que deixaram 129 mortos e mais de 300 feridos em Paris.
Neste encontro, a França pediu apoio dos demais países do bloco na luta contra a organização Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque e em operações militares no exterior, especialmente na África.
Desde os atentados de sexta-feira, Paris lançou bombardeios importantes no feudo do EI em Raqa (Síria) e enviará o porta-aviões "Charles de Gaulle", na quinta-feira, com 26 caça-bombardeiros a bordo até o Mediterrâneo Oriental para "intensificar" as operações na Síria e Iraque.
Há anos, as tropas francesas também participam de diferentes operações na África pela luta contra os grupos jihadistas, especialmente na região de Sahel, que atravessa as zonas da Mauritânia, Mali, Níger, Chade e Burkina Faso.
Paris também decidiu pelo desdobramento de uma força na República Centro-Africana para "evitar uma catástrofe humanitária".
França 'não pode sozinha'
"A França não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo", disse Le Drian, informando que manteria "reuniões técnicas" com seus 27 homólogos.
O presidente francês, François Hollande, antecipou, em discurso a parlamentares na segunda-feira, que pediria ajuda a seus parceiros do bloco, recorrendo ao artigo 42-7 da União Europeia.
Esta é a primeira vez que se invoca este artigo, similar ao item 5 da Otan, ao qual se apoiaram os Estados Unidos após os atentados de 11 setembro para que a Aliança Atlântica intervisse no Afeganistão.
O emprego desse artigo "tem um alcance simbólico", afirmou uma fonte próxima ao ministro.
"Os países da União Europeia poderiam, assim, participar mais concretamente da luta contra o terrorismo, ainda que seja oferecendo uma contribuição ao Exército francês nos cenários em que está atuando", acrescentou.
As contribuições poderiam "se dar em forma de aviões de transporte, abastecimento, armamento" e tudo que permita "compartilhar o esforço militar", tendo em conta que uma intensificação da ação na Síria poderia obrigar a França a reduzir sua presença em outros pontos de intervenção, disse a fonte.
Este "esforço militar" também impedirá que a França respeite aos critérios fixados pela UE sobre o défice público.
O primeiro ministro francês, Manuel Valls, confirmou, nesta terça-feira, que os compromissos fiscais da França, que previam um recuo de 3% do déficit público para 2017, não serão cumpridos devido aos recursos inéditos que o governo destinará à polícia, às forças de ordem e aos serviços de inteligência determinados após os atentados.
"Devemos prover todos os meios (...) à polícia, às forças de ordem e aos serviços de inteligência", declarou o primeiro-ministro à rádio francesa France Inter.
Em Bruxelas, o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, que apresentava, nesta terça-feira, as opiniões da Comissão Europeia sobre os orçamentos nacionais dos 28 membros do bloco e o déficit, deu carta branca a um descumprimento de critérios da França.
"As regras do Pacto de Estabilidade e de Crescimento não impedem que os Estados definam suas prioridades. Entendemos o que é a prioridade da segurança", afirmou Moscovici, em coletiva de imprensa.
As regras fiscais que limitam o déficit a um máximo de 3% do PIB, o que Paris não cumpre, não são "rígidas nem estúpidas", acrescentou.