Terrorismo

Aplicativos de mensagens instantâneas reagem após atentados de Paris

Depois dos atentados de janeiro em Paris, vários presidentes, como o americano Barack Obama ou o britânico David Cameron, denunciaram o risco que as mensagens instantâneas representavam para a segurança nacional

Da AFP
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Publicado em 19/11/2015 às 21:52
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Depois dos atentados de janeiro em Paris, vários presidentes, como o americano Barack Obama ou o britânico David Cameron, denunciaram o risco que as mensagens instantâneas representavam para a segurança nacional - FOTO: Foto: Reprodução
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Acusados de servir de canal de comunicação dos jihadistas que escaparam dos serviços de segurança durante os atentados de Paris, os aplicativos de mensagens instantâneas em smartphones decidiram agir e bloquear contas ligadas a grupos islâmicos ou limitar seu acesso.

O aplicativo que tem maior segurança, Telegram, informou ter bloqueado dezenas de contas relacionadas ao grupo Estado Islâmico (EI) utilizadas para fazer propaganda extremista.

Outro serviço de mensagens, o Silent Circle, restringiu o acesso a seus aplicativos para dificultar seu uso por jihadistas e criminosos.

Extremamente populares, os novos serviços de mensagens instantâneas, como WhatsApp, Viber ou iMessage são um problema para as autoridades, que tratam de antecipar planos de atentados e têm dificuldades para quebrar códigos cifrados.

Lançado em 2013 pelo russo Pavel Durov, que enfrentou no passado o poderoso serviço de inteligência russo FSB, o Telegram, pelo qual transitam mais de 10 bilhões de mensagens diárias, esta na primeira linha do problema.

Atendendo às preocupações com a privacidade na Internet, o Telegram deve sua popularidade a um serviço de codificação muito complexo e ao fato de que as conversas "secretas" não ficam armazenadas em qualquer servidor. Além disso, a empresa garante que jamais transmitirá os dados pessoais de seus usuários.

"Estamos perturbados em saber que contas públicas do Telegram foram utilizadas pelo EI para difundir sua propaganda", disse o aplicativo na noite de quarta-feira, acrescentando que 78 contas relacionadas ao EI, em 13 línguas, foram canceladas esta semana.

Silent Circle, com sede na Suíça, que desenvolve o smartphones de alta segurança Blackphone e tem aplicativos Silent Phone para uma troca de mensagens totalmente privada, anunciou que introduzirá tecnologias de pagamento mais sofisticadas "para reduzir a probabilidade" de que sejam utilizadas pelo grupo Estado Islâmico.   

"Já que o EI nos qualificou de produto mais forte, vamos instalar procedimentos (...) responsáveis e moralmente aceitáveis para dificultar o acesso a nossas tecnologias por parte de maus elementos", declarou à AFP Mike Janke, fundador da Silent Circle.

Depois dos atentados de janeiro em Paris, vários presidentes, como o americano Barack Obama ou o britânico David Cameron, denunciaram o risco que as mensagens instantâneas representavam para a segurança nacional.

Na Rússia, diante do atentado contra o Airbus da Metrojet no Egito, o parlamentar Alexandre Agueiev pediu na segunda-feira que os serviços de inteligência controlem o Telegram e bloqueiem o serviço eventualmente, destacando que é "utilizado ativamente com objetivos de propaganda pelos terroristas do Estado Islâmico".

Isto equivale a "bloquear o uso de automóveis Toyota porque são usados pelos terroristas", reagiu o ministro das Comunicações, Nikolai Nikiforov.

O aplicativo de mensagens Threema advertiu que é contra uma "vigilância total" sobre as mensagens.

"Não sabemos como as agências de inteligência recolhem suas informações, mas se basear (...) em uma vigilância total para controlar problemas sociais e políticos jamais funcionou no passado e não funcionará no futuro", declarou à AFP o porta-voz da Threema Roman Flepp.

"Sacrificar alguns fundamentos da nossa democracia ocidental - liberdade, privacidade e liberdade de expressão - para obter uma falsa sensação de segurança não me parece algo razoável", concluiu.

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