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Rússia denuncia 'provocação planejada' da Turquia no ataque a avião

Em Ancara, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tem procurado aliviar as tensões

Da AFP
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Publicado em 25/11/2015 às 14:50
Foto: ALEXANDER KOTS KOMSOMOLSKAYA PRAVDA/AFP
Em Ancara, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tem procurado aliviar as tensões - FOTO: Foto: ALEXANDER KOTS KOMSOMOLSKAYA PRAVDA/AFP
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A Rússia acusou nesta quarta-feira (25) a Turquia de "provocação planejada", um dia após a aviação turca abater um avião russo perto da fronteira com a Síria, sem que tenha advertido os pilotos, segundo relatou o único sobrevivente do incidente.

"Não houve nenhuma advertência. Nenhum contato via rádio, nenhum contato visual. Não houve nenhum contato", declarou Konstantin Murakhtin, um homem filmado de costas e apresentado como o piloto por vários canais russos.

"Se o exército turco quisesse nos advertir, ele teria o feito voando paralelamente a nós", afirmou, acrescentando que "nem por um segundo" entraram no espaço aéreo turco.

"Estávamos voando a 6.000 metros de altitude, o tempo está claro, e eu podia ver claramente no mapa e no solo onde estava a fronteira e onde nós estávamos", garantiu.

"Temos sérias dúvidas de que se trate de um ato espontâneo, parece mais uma provocação planejada", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em uma coletiva de imprensa.

No entanto, "não planejamos ir a uma guerra com a Turquia. Nossa atitude em relação ao povo turco não mudou", garantiu Lavrov.

Em Ancara, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tem procurado aliviar as tensões, garantindo que não ter "absolutamente nenhuma intenção de provocar uma escalada após este caso".

Na mesma linha, o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu ressaltou diante dos deputados de seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) que Ancara é um "amigo e vizinho" da Rússia.

Na terça-feira, um caça-bombardeiro russo Su-24 foi derrubado por dois caças turcos  F-16. Ankara afirma que a aeronave russa invadiu o espaço aéreo turco, enquanto Moscou garante que voava no céu sírio.

Um dos dois pilotos, que conseguiram se ejetar antes da queda do caça, foi morto por rebeldes antes de tocar o solo, de acordo com Moscou.

O segundo foi resgatado em uma operação, durante a qual um outro soldado russo foi morto.

Este incidente é o mais grave ocorrido entre a Rússia e a Turquia desde o início da intervenção militar russa na Síria, há dois meses.

 

Contatos diplomáticos

Por uma questão de apaziguamento, Mevlut Cavusoglu e Lavrov "concordaram em se reunir nos próximos dias", segundo o porta-voz do ministério das Relações Exteriores turco, Tanju Bilgic.

Durante uma longa conversa por telefone, o ministro turco "tentou justificar as decisões da força aérea" de seu país, dizendo que a aeronave russa "voou um total de 17 segundos no espaço aéreo turco", revelou Lavrov.

Mas "este ataque é totalmente inaceitável", insistiu ele, acrescentando que Moscou  "reavaliará seriamente" as relações entre os dois países.

Moscou e Ancara se opõem desde o início sobre a crise síria. A Turquia exige a partida do presidente Bashar al-Assad antes de qualquer solução política para o conflito que já matou 250.000 pessoas em quatro anos e meio. Por sua vez, a Rússia apoia, juntamente com o Irã, o presidente sírio.

Nesta quarta, o presidente turco voltou a denunciar a intervenção russa na Síria, dizendo que Moscou não visava o Estado Islâmico (EI).

O incidente também ameaça os esforços da França de juntar Moscou a uma coalizão antijihadista após os ataques em Paris. A este respeito, Lavrov também anunciou que a Rússia apoia a proposta do presidente francês François Hollande de fechar a fronteira turco-síria, a fim de "impedir o fluxo de combatentes jihadistas".

 

Russos jogam pedras

Durante uma conversa telefônica, Erdogan e seu colega americano Barack Obama ressaltam a "importância de diminuir as tensões e evitar novos incidentes similares", segundo a presidência turca.

Mas de acordo com meios de comunicação turcos, que citam fontes militares, a aviação turca reforçou suas patrulhas na fronteira síria depois do incidente de ontem: 18 F-16 estão mobilizados.

Nas ruas, manifestantes jogaram pedras e quebraram janelas da embaixada da Turquia em Moscou, constatou nesta quarta-feira um fotógrafo da AFP no local.

Centenas de manifestantes, quase todos homens com entre 20 e 30 anos, reuniram-se no início da tarde em frente à embaixada da Turquia onde gritaram palavras de ordem contra o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, sob o olhar da polícia que não interveio.

E os líderes russos não escondem seu descontentamento.

O presidente russo, depois de denunciar na terça-feira uma "punhalada nas costas pelos cúmplices de terroristas", chamou seus compatriotas a boicotar as praias turcas frente a "ameaça terrorista" no país.

Seu primeiro-ministro, Dmitry Medvedev, criticou as "ações absurdas e criminosas", e acusou a Turquia de "proteger membros do grupo Estado Islâmico", destacando o "interesse financeiro direto de algumas autoridades turcas" na venda de petróleo bruto produzido em áreas controladas por jihadistas.

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