Leia Também
Centenas de civis e rebeldes sírios começaram a deixar nesta quarta-feira (9) o último bairro de Homs sob seu controle após um acordo com o regime de Bashar al-Assad, que a partir de agora controlará praticamente toda a cidade.
No entanto, grande parte desta grande província do centro da Síria segue nas mãos dos insurgentes da Frente al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda, que controla o leste, e do grupo jihadista Estado Islâmico, no leste, onde se localiza a antiga cidade de Palmira.
Às 12h00 (08h00 de Brasília), um comboio de dez ônibus brancos onde iam mulheres, crianças e idosos com bolsas e malas saiu da entrada noroeste do bairro de Waer, indicou um jornalista da AFP no local.
Outros cinco ônibus transportavam combatentes, alguns deles levando fuzis kalashnikovs. O comboio estava protegido por dez carros das Nações Unidas, dez ambulâncias e vários veículos do exército do regime para evitar incidentes na estrada. Entre os evacuados havia quinze feridos.
A cidade de Homs, que tinha 800.000 habitantes no início da revolta de 2011 (65% sunitas, 25% alauítas - o grupo do presidente Assad - e entre 7% e 8% de cristãos) foi palco de violentos confrontos.
"O primeiro grupo abandonou Waer e o segundo o fará em breve", disse aos jornalistas o governador da cidade, Talal Barazi, que estava na entrada deste bairro, o último em mãos rebeldes. "Entre eles há 300 homens armados que rejeitaram o acordo concluído com os líderes locais e alguns grupos armados", disse o governador.
Segundo Barazi, os homens armados se dividem em três grupos: o primeiro, que deixou o bairro nesta quarta-feira, outro, que quer ficar e está negociando com o regime voltar à vida civil, e um terceiro com pessoas que irão no último comboio. Atualmente 75.000 pessoas vivem neste bairro, comparadas às 300.000 que estavam ali antes do conflito.
Capital da revolução
O acordo, supervisionado pela ONU, prevê que 2.000 rebeldes e suas famílias abandonem o bairro, cercado nos últimos três anos pelas forças do regime. No início do conflito, Homs foi a principal cidade da oposição ao regime e foi chamada de "capital da revolução".
"Vamos aplicar a primeira parte (do acordo) e tudo terá terminado no fim da próxima semana", disse Barazi. Segundo Rami Abdel Rahman, diretor da ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), em Waer havia 45 grupos armados, entre eles a Frente Al-Nosra - o braço sírio da Al-Qaeda - e vários grupos islamitas.
Um vídeo publicado pelos Comitês Locais de Coordenação (LCC) rebeldes mostra um centro dentro de Waer onde estão reunidos combatentes à paisana e com malas. "Sou de Aleppo e não entramos nas negociações com o regime. Queremos ir combater no exterior", afirma um deles.
Segundo o OSDH, os ônibus se dirigirão a Qalaat al-Madiq, na província vizinha de Hama, e depois à região de Idleb, no noroeste do país, nas mãos do chamado Exército da Conquista, que reúne a Frente al-Nosra e vários grupos islamitas.
Após a saída dos rebeldes, a polícia, e não o exército, se encarregará da segurança de Waer.