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Ataques suicidas reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI) semearam o caos nesta quinta-feira (14) em Jacarta, onde extremistas inspirados pelos atentados de Paris mataram dois civis, incluindo um canadense.
No total, cinco indivíduos realizaram os ataques no bairro Thamrin, que abriga várias agências da ONU e embaixadas.
De acordo com a polícia, vinte pessoas ficaram feridas e todos os jihadistas foram mortos.
Em uma declaração postada na internet, o grupo jihadista declara que, durante o atentado, explodiram várias bombas "ao mesmo tempo em que quatro soldados do califado atacavam com armas leves e cinturões de explosivos".
O comunicado diz ainda que os ataques visavam a um grupo de cidadãos da "coalizão cruzada", referindo-se à aliança liderada pelos Estados Unidos contra o EI.
O presidente indonésio, Joko Widodo, denunciou de imediato o que chamou de "atos terroristas", enquanto que o porta-voz da polícia, Anton Charliyan, afirmou que "pelo que vimos hoje, trata-se de um grupo que segue o exemplo dos atentados de Paris" (em 13 de novembro).
O envolvimento desta organização pode provocar grande preocupação na Indonésia e em outros países do sudeste asiático de população muçulmana, onde as autoridades temem que combatentes jihadistas que partiram retornem para cometer ataques em seus territórios.
As forças de segurança anunciaram recentemente ter desbaratado um atentado suicida planejado para o Ano Novo por um grupo com supostos vínculos com o EI.
Entre os cinco terroristas, figuram três homens-bomba que visaram inicialmente em um café Starbucks em frente a um centro comercial Sarinah, segundo uma autoridade da polícia.
Após a primeira explosão, dois extremistas armados tomaram dois homens como reféns. A polícia informou em um primeiro momento que se tratava de um holandês e um argelino, mas o chefe da polícia Tito Karnavian corrigiu a informação mais tarde, dizendo que o holandês seria, na verdade, um canadense.
Ottawa confirmou que as autoridades da Indonésia informaram que um canadense estava entre as vítimas.
Em Haia, o chanceler holandês Bert Koenders afirmou que um holandês foi gravemente ferido no incidente.
E, de acordo com um porta-voz da polícia indonésia, o argelino, ferido, conseguiu escapar, mas o segundo homem foi morto, bem como um indonésio que tentou socorrer os dois reféns.
A polícia pediu à população depois dos ataques que permanecesse em casa pelo perigo de haver atiradores à solta, mas mais tarde informou que todos os agressores haviam sido neutralizados e que a situação estava sob controle.
Terremoto
Iqbal também indicou que cinco policiais, um civil estrangeiro e quatro indonésios ficaram feridos.
Segundo várias testemunhas, o ataque começou no meio da manhã e foram ouvidas seis explosões perto do centro comercial de Sarinah.
"Ouvi uma forte explosão, como um terremoto, e nos jogamos todos no chão da rua", contou Ruli Koestaman, 32 anos.
"Vimos que o [café] Starbucks havia sido destruído. Vi um estrangeiro, um ocidental, com a mão mutilada, mas vivo", acrescentou.
A rede de cafeterias americana anunciou o fechamento de todos os seus estabelecimentos em Jacarta até novo aviso.
"Todo mundo se juntou e um terrorista apareceu e começou a disparar contra nós e o Starbucks", prosseguiu Koestaman. Segundo ele, o homem também atirou contra um jornalista que cobria os fatos.
Várias fotos mostram os corpos ensanguentados de duas pessoas - aparentemente civis - em uma avenida, perto de um posto da polícia totalmente destruído.
"Não foi um atentado suicida. Foi um artefato que foi jogado, uma bomba ou uma granada", afirmou a Metro TV Charliyan, em alusão à explosão que destruiu o posto da polícia.
Regressos da Síria
A polícia indonésia estava em alerta máximo durante as festas de Ano Novo, depois de ter desbaratado um projeto de atentado suicida em Jacarta.
Em dezembro, prendeu cinco pessoas suspeitas de pertencer a uma rede próxima ao EI e outras quatro vinculadas com o grupo extremista Jemaah Islamiyah, autor de vários atentados na Indonésia.
As forças de ordem apreenderam na ocasião material para fabricação de explosivos, assim como uma bandeira inspirada na do EI.
Os extremistas islamitas pretendiam atacar delegacias, shoppings, grupos xiitas minoritários e membros da unidade de elite da polícia antiterrorista, segundo as autoridades.
De acordo com a polícia, o EI lançou uma advertência enigmática antes dos ataques desta quinta. "O aviso dizia que haveria um concerto na Indonésia e que isso estaria em todas as notícias internacionais", informou Charliyan.
A Indonésia, o país muçulmano mais populoso do mundo, foi levado a entrar em sua própria guerra contra o terrorismo depois dos atentados de Bali, em 2002 (202 mortos). Mas o arquipélago não registrou qualquer outro grande atentado desde o que deixou nove mortos em julho de 2009 em vários hotéis de luxo de Jacarta.
"Sabemos que o EI quer proclamar uma província na região", explicou Kumar Ramakrishna, analista da Escola de Estudos Internacionais S.Rajaratnam, de Cingapura.
Segundo o gabinete de consultoria Soufan Group, entre 500 e 700 indonésios que se alistaram nas fileiras do EI na Síria voltaram ao arquipélago.