Conflito

Bombardeio dos EUA contra Estado Islâmico mata dezenas na Líbia

Uma das vítimas seria um líder do grupo Estado Islâmico (EI)

Da AFP
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Publicado em 19/02/2016 às 22:45
Foto: MAHMUD TURKIA / AFP
Uma das vítimas seria um líder do grupo Estado Islâmico (EI) - FOTO: Foto: MAHMUD TURKIA / AFP
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Um ataque aéreo dos Estados Unidos contra um campo de treinamento jihadista na Líbia matou cerca de 50 pessoas nesta sexta-feira (18), entre as quais provavelmente um líder do grupo Estado Islâmico (EI), informaram fontes líbias e americanas.

O porta-voz do Pentágono, Peter Cook, disse que o bombardeio foi direcionado contra o tunisiano Noureddine Chouchane, vinculado aos ataques cometidos na Tunísia em 2015. Outro funcionário do Departamento de Defesa americano tinha informado mais cedo que o bombardeio havia provavelmente matado o jihadista.

"Realizamos esta ação contra ele (Noureddine Chouchane) e o campo após determinarmos que ele e os combatentes do EI presentes no local preparavam ataques contra interesses americanos e de outros países na região", declarou por sua vez Peter Cook, porta-voz do Pentágono.

É a segunda vez em três meses que os Estados Unidos bombardeiam o EI na Líbia, um país mergulhado no caos desde 2011.

A casa bombardeada ao amanhecer na localidade de Sabrata, 70 km a oeste de Trípoli, ficou completamente destruída, disse uma autoridade local líbia, Hussein al Dawadi.

"O último balanço é de 50 mortos, inclusive três mulheres", disse à AFP.

"Também há cinco feridos, alguns deles em estado crítico", informou Dawadi, indicado haver indícios de que na casa havia alguém importante, sem ainda confirmar de quem se tratava.

Para Cook, esta ação é uma demonstração de que os Estados Unidos estão dispostos a combater o grupo Estado Islâmico, "quando for necessário".

"Vemos o que está acontecendo no Iraque e na Síria e acreditamos que estes combatentes na Líbia constituíam uma ameaça aos nossos interesses de segurança nacional", disse Cook.

O próprio Chouchane era tunisiano, de 36 anos. Sua morte é um duro golpe para o EI na Líbia, assegurou Peter Cook, porta-voz do Pentágono. "Consideramos que sua morte terá um impacto imediato sobre as capacidades do EI em manter suas atividades na Líbia, para recrutar combatentes e, potencialmente, planejar atentados fora do país", explicou.

Os atentados atribuídos a Chouchanne foram lançado em julho em uma praia perto de Sousse, no qual 38 turistas morreram, e o do museu do Bardo de Túnis, em março, que matou 21 turistas e um policial.

Os dois ataques foram reivindicados pelo EI, que está sendo bombardeado pelo ar no Iraque e na Síria por uma coalizão internacional sob liderança americana.

Advertências de Obama

"O ataque foi muito preciso, só atingiu a casa", afirmou um encarregado do governo paralelo instalado em Trípoli.

A Líbia conta com dois governos e Parlamentos, um reconhecido pela comunidade internacional em Tobruk e outro na capital. A ONU não para de mediar e pressionar para que seja lançado um governo de unidade nacional, que deixe para trás a divisão e permita lutar de forma eficaz contra o EI e os traficantes de todo tipo.

O edifício tinha dois andares e é provável que no momento do ataque estivesse ocorrendo uma reunião de supostos membros do EI, informou um integrante do conselho militar de Sabrata, que pediu o anonimato.

Segundo Dawadi, um dos feridos interrogados pelas forças de segurança "contou ter ido ao local com outras pessoas para treinar combate e que o grupo que os levou a Sabrata vendou seus olhos durante todo o trajeto".

A cidade de Sabrata está controlada pela coalizão de milícias de Fajr Libya, que se apoderou em agosto de 2014 de Trípoli e de outras regiões, obrigando as autoridades reconhecidas pela comunidade internacional a se exilar no leste do país.

O EI se arraigou na Líbia aproveitando o caos no qual o país está afundado desde que uma revolta expulsou do poder em 2011 o ditador Muanmar Kadhafi, com apoio da Otan.

Em junho, os combatentes do EI capturaram a cidade de Sirte, 450 km a leste de Trípoli e cidade natal de Kadhafi.

Na terça-feira, o presidente americano, Barack Obama, advertiu que não permitirá que o Estado Islâmico se instale de forma duradoura na Líbia, onde acredita-se que tenha 5.000 combatentes.

"Estamos trabalhando com nossos sócios da coalizão para garantir que aproveitaremos a chance de impedir que o EI crie raízes na Líbia", disse Obama.

"Seguiremos atuando quando virmos uma operação e um objetivo claros", acrescentou.

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