A guerrilha das Farc disse nesta quarta-feira confiar nos resultados de uma gestão realizada pelo irmão do presidente Juan Manuel Santos para destravar o processo de paz, e convocou os militares a cuidar da trégua de fato que está em vigor na Colômbia.
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Na segunda-feira (14), o presidente enviou a Havana seu irmão Enrique Santos, uma espécie de emissário especial, para se reunir com as equipes negociadoras e tentar desbloquear as discussões sobre o cessar-fogo bilateral e definitivo, passo prévio a um acordo de paz.
Enrique Santos se reuniu na terça-feira (15) com o chefe máximo da guerrilha comunista, Timoleón Jiménez, em uma reunião "muito construtiva", segundo Iván Márquez, chefe da delegação de paz das Farc.
"Esperamos que muito em breve os resultados comecem a aparecer", afirmou Márquez em Havana, sede dos diálogos.
Antes de sua reunião com Jiménez, também conhecido como "Timochenko", o irmão do presidente colombiano se encontrou com Humberto de la Calle, chefe da equipe negociadora do governo.
Comprometidos desde 2012 em uma complexa negociação para terminar com meio século de conflito, o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) planejavam assinar o acordo definitivo de paz na próxima quarta-feira em Havana.
No entanto, desistiram da data devido às divergências que surgiram nos últimos dias sobre o cessar-fogo bilateral e definitivo, que inclui o desarmamento da guerrilha.
Ao mesmo tempo as partes, que já alcançaram acordos em quatro dos seis pontos da negociação, tentam chegar a um entendimento sobre o mecanismo de referendamento dos pactos. Até o momento não anunciaram uma nova data para assinar o acordo final.
Em um comunicado lido por Márquez, as Farc estenderam um "ramo de oliveira da paz" às Forças Armadas da Colômbia e pediram que cuide da trégua que está em vigor neste país de maneira não oficial.
"Não podemos seguir nos matando nos teatros de operações quando a reconciliação está tocando o coração da pátria, e para que isso encontre o caminho da irreversibilidade, vamos cuidar deste cessar-fogo que já é bilateral de fato", sustentou o chefe rebelde.
As Farc declararam há oito meses uma trégua unilateral que foi apoiada pelo governo de Santos, que realizou uma suspensão dos bombardeios.
Márquez afirmou que durante este tempo "não voltaram a ser registrados combates".
No entanto, em meados de fevereiro cinco guerrilheiros ficaram feridos durante um encontro, aparentemente fortuito, com os militares no noroeste da Colômbia, segundo denunciou 'Timochenko'.
O conflito interno na Colômbia, que por mais de cinco décadas envolveu guerrilheiros, paramilitares e militares, deixou oficialmente 7,5 milhões de vítimas, incluindo 260.000 mortos, 45.000 desaparecidos e 6,6 milhões de deslocados.