O uruguaio Juan Pedro Damiani, citado no escândalo dos Panamá Papers, demitiu-se nesta quarta-feira (6) do Comitê de Ética da Federação Internacional de Futebol (FIFA), segundo um comunicado do organismo que tutela o futebol mundial.
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O dirigente já estava sob inquérito interno, iniciado na segunda-feira (4), logo após seu nome aparecer em documentos relacionados com a criação de offshore em paraíso fiscal pelo escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca.
A nota da FIFA apenas refere-se à demissão de Damiani, conhecido como um ‘cruzado’ contra a corrupção no futebol sul-americano enquanto membro daquele comitê, sendo também presidente do Peñarol, um dos mais prestigiados clubes do uruguai.
Juan Pedro Damiani, de 58 anos, já estava sob investigação nos Estados Unidos, por estar ligado a negócios com um antigo vice-presidente da FIFA, acusado de corrupção pela Justiça norte-americana.
Os Papéis do Panamá revelam que a sociedade de advogados de Damiani atuou como intermediária na constituição de uma empresa ligada a Eugenio Figueiredo, antigo líder da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmenbol), e a dois outros homens acusados no escândalo de subornos na Fifa.
Segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, que coordenou todo o noticiário conhecido como Panamá Papers, Damiani tratou de processos de sete companhias relacionadas com Figueiredo e instaladas no paraíso fiscal.
Os mesmos documentos mostram que a sua sociedade de advogados também serviu uma empresa em Nevada (Estados Unidos) ligada a dois outros suspeitos do caso Fifa, o empresário Hugo Jinkis e o seu filho Mariano, também eles sob investigação da Justiça norte-americana, pelo suposto pagamento de dezenas de milhões de dólares de suborno pela obtenção de direitos de televisão na América do Sul.
“Os registos não revelam conduta ilegal de Damiani ou da sua firma, mas levantam novas questões sobre o próprio e a Fifa”, diz o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.