Diante de um governo inflexível, os opositores da reforma trabalhista na França convocaram novas greves e manifestações nesta quinta-feira, em uma atmosfera de tensão marcada pela violência contra a polícia no dia anterior.
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O primeiro-ministro socialista, Manuel Valls, pediu "sanções implacáveis" contra os manifestantes que incendiaram uma viatura da polícia na quarta-feira em Paris e pressionou os sindicatos, chamados a "se questionar sobre a pertinência" de algumas manifestações.
O chefe do governo também declarou que está pronto para remover à força os bloqueios dos portos, aeroportos e refinarias.
"Não teria ocoriddo nenhuma manifestação e, portanto, nenhum vandalismo se não existisse o projeto de lei", respondeu Jean-Claude Mailly, líder do sindicato Força Operária (FO).
O FO e outros sindicatos de trabalhadores e estudantes continuam exigindo a "retirada" do projeto de lei, que consideram demasiado liberal. O presidente François Hollande excluiu na terça-feira a possibilidade de desistir desta reforma, aprovada à força na semana passada sem o voto do Parlamento.
O chefe de Estado, cuja popularidade está no seu nível mais baixo a menos de um ano das eleições presidenciais, espera que este projeto desbloqueie o mercado de trabalho em um país com um desemprego galopante, girando em torno de 10%.
Desde o início do movimento, cerca de 1.400 pessoas foram detidas e mais de 800 seguem sob custódia. Segundo as autoridades, 19 pessoas da extrema-esquerda foram presas em flagrante nesta quinta-feira de manhã em Rennes (oeste) por vandalismo.
Em Paris, a polícia emitiu novas proibições individuais de manifestação antes de um protesto programado para a tarde.
Cinco suspeitos, incluindo três alvos desse tipo de proibição, estão sob custódia na capital, um dia depois do ataque a uma viatura da polícia. Os dois agentes que ocupavam o veículo precisaram sair às pressas.
O incidente ocorreu durante uma contra-manifestação proibida, à margem de um protesto de policiais que denunciavam o clima de ódio aos agentes da segurança.
A mobilização contra a reforma trabalhista, que fez com que dezenas de milhares de pessoas saíssem às ruas nos últimos dois meses, ganhou força nesta semana com greves de caminhoneiros e do setor ferroviário.
Zonas industriais, refinarias de petróleo e depósitos: bloqueios de pontos estratégicos foram feitos nesta quinta-feira perto de Marselha (sul), Le Havre (noroeste), bem como em Rennes e Nantes (oeste).
No sudoeste, o acesso ao aeroporto de Toulouse também foi fechado. O tráfego ferroviário foi interrompido em nível nacional, no segundo dia de greve ferroviária. Uma convocação para a greve dos controladores de tráfego aéreo afetava ligeiramente o serviço.
"O acesso aos portos, aos centros econômicos e aeroportos deve ser possível e não podemos tolerar esses bloqueios", declarou Manuel Valls.
A violência das últimas semanas alimenta uma polêmica sobre a manutenção da ordem por parte do governo, acusado de laxismo pela oposição de direita e extrema-direita ou suspeito por alguns da esquerda de querer desacreditar o movimento social.
Neste contexto tenso, o Parlamento estendeu pela terceira vez o estado de emergência declarado após os ataques jihadistas de 13 de novembro em Paris (130 mortes). O estado de emergência estará em vigor até o final de julho para garantir a segurança da Euro-2016 e do Tour de France.