O difícil trabalho de identificação das vítimas do voo da EgyptAir que fazia o trajeto Paris-Cairo começou nesta terça-feira (24) com a comparação do DNA de parentes com os restos encontrados até o momento, mas as operações de busca pelas caixas-pretas para elucidar as causas da queda devem ser longas.
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O voo MS804 caiu no Mediterrâneo, por razões ainda desconhecidas, na madrugada da última quinta-feira, com 66 pessoas a bordo, entre elas 30 egípcios e 15 franceses, após desaparecer repentinamente dos radares.
Embarcações e aviões das Forças Armadas egípcias e francesas continuavam rastreando o mar entre a ilha de Creta e a costa norte do Egito, tentando localizar as duas caixas-pretas do Airbus A320.
Tais buscas poderiam levar "vários dias", segundo as autoridades, que trabalham com duas hipóteses: a de um ato criminoso ou terrorista e a de acidente ligado a uma avaria.
O diretor do Instituto Médico-Legal, Hicham Abdel-Hamid, também negou relatos divulgados nesta terça-feira pela imprensa, segundo os quais a análise de partes de corpos encontrados mostravam que teria ocorrido uma explosão.
Especialistas e fontes próximas à investigação também asseguraram à AFP que as informações publicadas na imprensa não permitiam tirar quaisquer conclusões sobre as causas do acidente.
"Na queda de um avião, há necessariamente uma explosão em um momento ou outro, o que reduz a aeronave a peças, seja no ar - o resultado de uma explosão devido a uma avaria ou ato intencional-, ou quando o dispositivo toca o mar, depois de uma queda de 11 km de altura, como no caso do EgyptAir", declarou uma dessas fontes.
"Isso não permite avançar na investigação, a não ser que encontremos vestígios de explosivos, o que não é o caso nesta fase", ressaltou.
"Nenhum traço de explosivo foi detectado até o momento nos destroços do avião ou nos corpos", assegurou outra fonte.
O Escritório de Investigação e Análise (BEA) francês havia dito no sábado que o sistema automatizado da aeronave havia emitido, por cerca de três minutos, alertas indicando fumaça na parte da frente do avião e falhas nos sistemas eletrônicos de gerenciamento e controle de voo, reabilitando a tese de incidente técnico.
Busca na superfície
No Cairo, os médico legistas recolheram DNA de parentes das vítimas para tentar identificar os restos humanos encontrados na área presumida do acidente, indicou EgyptAir.
"Restos humanos chegaram ao necrotério no Cairo entre domingo e segunda-feira", disse à AFP o presidente da EgyptAir, Safwat Mussallam. "Amostras de DNA foram recolhidas de parentes para determinar a identidade" das vítimas, informa um comunicado da empresa.
Por sua vez, o ministério da Aviação Civil anunciou que "18 pacotes de detritos" foram enviados para um laboratório no Cairo.
Ainda não foram encontradas as caixas-pretas, que emitem sinais debaixo d'água apenas entre quatro e cinco semanas antes que suas baterias fiquem descarregadas.
"Uma vez que o equipamento especializado chegue ao local, irá detectar os sinais para localizar as caixas e, em seguida, trazê-las de volta à superfície. Levará vários dias", afirmou em Paris uma fonte próxima ao caso que solicitou o anonimato.
Até sexta-feira, o governo egípcio e a maioria dos especialistas ouvidos pela imprensa privilegiavam a tese de atentado, seis meses após a explosão de uma bomba a bordo de um avião de turistas russos que havia decolado do Egito. Esse atentado foi reivindicado por um braço local do Estado Islâmico (EI).
Mais de três dias depois do drama do voo entre Paris e o Cairo, ninguém assumiu a autoria do suposto atentado.