ATAQUES

Grupo Estado Islâmico enfrenta ofensivas no Iraque e na Síria

A província síria de Raqa esteve na mira dos ataques contra o Estado Islâmico

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Publicado em 24/05/2016 às 17:26
Foto: Stephane Yas/ AFP
A província síria de Raqa esteve na mira dos ataques contra o Estado Islâmico - FOTO: Foto: Stephane Yas/ AFP
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O grupo extremista Estado Islâmico (EI) enfrentava nesta terça-feira (24) duas ofensivas terrestre e área contra seus redutos no Iraque e na Síria, com um apoio maciço da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.

Um dia após o lançamento de uma operação na cidade iraquiana de Fallujah, nesta terça era a província síria de Raqa, onde se encontra a "capital" do auto-proclamado califado do EI, que estava na mira dos ataques.

Na Síria, a aliança curdo-árabe apoiada pelos Estados Unidos começou a repelir os combatentes do EI da área situada ao norte de Raqa.

"As SDF (Forças Democráticas Sírias) começaram as operações para atacar os subúrbios do norte, colocando pressão sobre Raqa", disse o porta-voz militar americano em Bagdá, coronel Steve Warren.

As forças americanas realizarão bombardeios aéreos em apoio às SDF, cujos alguns membros foram treinados e equipados pelos Estados Unidos.

Mas o porta-voz não disse quando será realizado o ataque à cidade estratégica de Raqa, onde estariam entre 3.000 e 5.000 combatentes do EI.

As SDF estão integradas por 25.000 combatentes curdos e cerca de 5.000 árabes.

Outro funcionário americano que pediu o anonimato disse que as SDF estão controlando o território em sua rota a Raqa, mas "não estão atacando Raqa" propriamente.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, os aviões da coalizão realizaram dezenas de ataques nesta terça-feira no norte de Raqa. "Ao menos 22 jihadistas morreram", segundo a ONG.

De acordo com um militante sírio, o EI está utilizando deliberadamente os habitantes de Raqa para escapar dos bombardeios.

"Eles utilizam civis para se proteger. Em um edifício civil há sempre dois ou três apartamentos para combatentes do EI", indicou Abdel Aziz al-Hamza, co-fundador do grupo "Raqqa is Being Slaughtered Silently" (RBSS, "Raqa está sendo massacrada silenciosamente").

"Eles também usam algumas escolas, porque algumas têm porões e, portanto, são protegidas de bombardeios aéreos", indicou à AFP, à margem do Fórum da Liberdade de Oslo, um encontro de ativistas pela paz na capital norueguesa.

Fim do califado

Se Raqa cair, "será o início do fim de seu califado", disse Warren.

A Rússia afirmou nesta terça-feira que está disposta a coordenar com a coalizão curdo-árabe e com os Estados Unidos para desalojar os jihadistas do EI em Raqa.

No Iraque, as forças do governo apertaram o cerco em torno dos combatentes do EI em Fallujah, onde os civis estão presos, oferecendo algum alívio ao primeiro-ministro Haider al-Abadi em plena tormenta política.

Anunciada na segunda-feira por Abadi, a ofensiva para recuperar o controle desta cidade da província predominantemente sunita de al-Anbar, localizada cerca de 50 quilômetros a oeste de Bagdá, já permitiu a retomada da localidade vizinha de Karma.

"As forças federais avançaram para o leste de Fallujah esta manhã em três direções", informou à AFP o capitão da polícia Raed Shaker Jawdat.

As forças paramilitares dos Hached al-Chaabi (mobilização popular), constituídas principalmente por milícias xiitas, também ganharam terreno no sul da cidade.

Cinquenta mil famílias bloqueadas

O Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC) estima que ainda existam cerca de 50.000 pessoas nesta cidade conquistada pelo EI em janeiro de 2014.

"Famílias inteiras que não têm alimentos e medicamentos há meses poderiam se ver reféns dos confrontos. Assim, é absolutamente vital o estabelecimento de corredores seguros para que possam fugir", afirmou Nasr Muflahi, chefe do NRC para o Iraque.

Ele informou à AFP que nenhuma família conseguiu fugir da cidade desde o início da ofensiva das forças iraquianas.

Autoridades provinciais disseram que um pequeno número de habitantes havia conseguido escapar.

O EI "impõe um toque de recolher, impedindo as pessoas de irem para as ruas", disse à AFP por telefone um morador que se apresenta como Abu Mohammed al-Dulaimi.

"O número de combatentes jihadistas caiu, e nós os vemos andando pelas ruas em grupos de dois ou três. Não sabemos onde estão os outros", acrescentou.

Esta operação militar contra um reduto jihadista concede a Abadi um momento de alívio político e afasta as atenções de seus repetidos fracassos para implementar as reformas exigidas há semanas por milhares de iraquianos, enquanto que os partidos políticos tentam proteger seus privilégios.

Vestindo o uniforme preto das forças especiais, Abadi se apresenta como o comandante da ofensiva contra os extremistas do EI, muito distante da imagem de um primeiro-ministro cujos escritórios foram invadidos há alguns dias por manifestantes.

Depois da visita de Abadi ao centro de comando de operações para a recuperação de Fallujah, fotos dele acompanhado por líderes militares foram postadas em sua conta no Twitter com as palavras: "O primeiro-ministro supervisiona e dirige as batalhas".

Manifestantes exigem há semanas um novo governo de tecnocratas capaz de implementar as reformas para combater a corrupção, o nepotismo e o clientelismo. Mas muitos homens e partidos políticos se opõem, temendo o fim de um sistema que lhes oferece muitos privilégios.

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