Os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) estão na defensiva com o início da ofensiva lançada contra dois dos seus redutos, Fallujah no Iraque e Raqa na Síria, apoiada pelos ataques da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.
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Os combatentes árabes e curdos das Forças Democráticas Sírias (FDS) lançaram na terça-feira (24) uma operação no norte da província de Raqa. E a coalizão realizou "100 ataques desde então", segundo o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.
As FDS são lideradas pelas forças YPG curdas, consideradas pelos Estados Unidos como as mais eficazes na luta contra a organização extremista, que proclamou em 2014 um "califado" abrangendo a Síria e o Iraque.
A operação se concentra atualmente no norte da cidade de Raqa, capital do EI na Síria e localizada 90 km ao sul da fronteira turca. Os combates seguem em torno de Ain Issa, uma localidade 55 km ao norte da cidade fortificada pelos jihadistas, onde habitam cerca de 300.000 pessoas.
"As FDS libertaram dois campos agrícolas 5 km ao sudeste de Ain Issa", anunciaram nesta quarta-feira (25).
Território extenso demais
"O nosso objetivo é libertar o norte da província", reiterou nesta quarta Talal Sello, porta-voz das SDS, em uma teleconferência.
"Ainda não consideramos libertar (a cidade de) Raqa", acrescentou, explicando que isso vai acontecer em uma outra operação em fução "das circunstâncias".
De acordo com OSDH, entre 10.000 e 15.000 combatentes das FDS participam nesta operação, a maior lançada contra o EI, segundo um porta-voz militar americano.
A operação foi lançada três dias depois de uma visita à Síria do chefe das forças americanas no Oriente Médio (Centcom), o general Joe Votel.
Ele visitou as forças especiais americanas presentes no país e os combatentes das FDS "para preparar a ofensiva de Raqa", de acordo com fontes militares americanas.
Uma fonte dentro das YPG disse à AFP que as forças "receberam armas dos Estados Unidos e (que) tropas americanas participam no combate em terra".
O EI não deve se esforçar para defender um território tão extenso como o fez na cidade curda de Kobane, que acabou perdendo em janeiro de 2015, ou em Tall Abyad, a grande cidade do norte de Raqa de onde também foi expulso.
"Após o fracasso de Kobane, onde o EI sacrificou milhares de combatentes, e sobretudo desde Tall Abyad, o EI se retira sem lutar", disse à AFP Romain Caillet, especialista em movimentos jihadistas.
O território será "a longo prazo grande demais para ele e impossível de manter", acredita.
Mas a tomada da cidade continua a ser um objetivo mais complexo, uma vez que o EI tem utilizado a população civil como escudo humano.
"Eles usam civis como escudo. Você os vê nos mesmos edifícios" na cidade, indicou à AFP Abdel Aziz al-Hamza, co-fundador do grupo "Raqqa is Being Slaughtered Silently".
A recuperação de Raqa representa, com Fallujah e Mossul no Iraque, o objetivo central da coalizão internacional liderada pelos Estados Etsta contra o EI.
A Rússia, que apoia o regime do presidente sírio Bashar al-Assad, anunciou estar pronto para coordenar com as FDS e os Estados Unidos a ação em Raqa.
Do outro lado da fronteira, as forças iraquianas apertaram o cerco em torno de Fallujah, um reduto jihadista a apenas 50 km a oeste de Bagdá, onde cerca de 50.000 civis estão presos.
Lançada na segunda-feira pelo primeiro-ministro Haider al-Abadi, a ofensiva em Fallujah já permitiu recuperar a pequena cidade de Garma, a nordeste da cidade, abrindo o caminho para avançar em direção ao reduto jihadista.
As forças iraquianas avançavam nesta quarta-feira para a cidade de Amriyat al-Fallujah, ao sul, e para o cruzamento de Al-Salam, ao sudoeste, de acordo com o comando das operações na província de Al-Anbar, que faz fronteira com a Síria.