O secretário-geral da Organização do Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, se juntou ao coro de líderes internacionais que pressionam a Venezuela a enfrentar sua crise humanitária, ao mesmo tempo em que persegue oposicionistas.
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Em comunicado divulgado hoje, Almagro fez um apelo para que governos que fazem parte da entidade de 34 países "fiquem do lado certo da história e defendam aqueles que não tem voz".
Almagro pediu uma sessão especial da OEA para denunciar aquilo que considera sérias ameaças à ordem democrática na Venezuela.
Por sua vez, a ministra de Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodriguez, denunciou a reunião como um golpe. Ela afirmou que Almagro quer derrubar o governo do presidente Nicolás Maduro e que exagera a situação da Venezuela.
"Não há crise humanitária", disse.
A reunião acontece em meio à piora da crise social e política da Venezuela. Segundo pesquisas, a maioria dos venezuelanos não tem dinheiro para comprar alimentos, e o país tem sido movimentado por semanas de protestos por comida e saques. Hospitais não têm medicamentos o suficiente, e equipamentos médicos essenciais como incubadoras estão cada vez mais escassos.
Ao mesmo tempo, a oposição tenta lançar uma campanha para derrubar Maduro. O processo, no entanto, tem sido atrasado por vias legais e também por protestos nas estradas.
A maioria dos países da OEA concordou em dar apoio ao diálogo na Venezuela, mas houveram poucas propostas concretas.
A pressão cresce para que a Venezuela faça concessões. O diplomata norte-americano Thomas Shannon viajou a Caracas para se encontrar com Maduro. O ex-primeiro-ministro Jose Luis Rodriguez Zapatero tentou, no início do mês, mediar as negociações entre o governo e a oposição.
Maduro, no entanto, aposta em seu tratamento habitual frente à oposição, e denuncia qualquer país que acredita estar se metendo nos assuntos internos. O governo levantou acusações contra outros dois ativistas políticos esta semana, e afirmou também que o referendo sobre a presidência não será feita este ano.
Quando convocou a reunião, Almagro invocou a cláusula democrática da OEA, uma ferramenta que o então presidente Hugo Chávez apoiou há 15 anos, quando foi implementada, para dar à organização meios de punir governos que se tornassem autocráticos. A cláusula oi usada temporariamente para suspender Honduras após o golpe militar de 2009.