A polícia turca deteve 13 suspeitos, entre eles três estrangeiros, depois dos atentados suicidas no aeroporto de Istambul que deixaram mais de 40 mortos e cuja explicação começava a ser esclarecida nesta quinta-feira (30).
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O número de mortos aumentou para 43, incluindo 19 estrangeiros, após o massacre provocado na terça-feira no aeroporto internacional Ataturk por três terroristas suicidas, muito provavelmente relacionados, segundo Ancara, com o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que iniciaram um tiroteio antes de detonar seus explosivos.
A polícia turca deteve nesta quinta-feira 13 pessoas, entre elas três estrangeiros, depois de realizar operações simultâneas em 16 domicílios de Istambul, informou a agência de notícias pró-governamental Anadolu, sem informar a nacionalidade dos estrangeiros.
A explicação para o ataque no terminal de voos internacionais do Ataturk, o terceiro aeroporto da Europa, começava a ser esclarecida.
O primeiro-ministro Binali Yildirim explicou na quarta-feira que "os terroristas, depois de inicialmente tentarem passar pelos (primeiros) controles de segurança" logo na entrada do terminal, mudaram de ideia e "voltaram com fuzis que tiraram de suas malas antes de passar pelos controles, disparando indiscriminadamente contra as pessoas".
"Um deles detonou seus explosivos no lado de fora" e "os outros dois aproveitaram o pânico, entraram no aeroporto e detonaram seus explosivos", disse.
Um funcionário de alto escalão turco próximo à presidência, que não quis revelar seu nome, forneceu à AFP outra versão. Inicialmente foi registrada uma explosão quando um suicida entrou no setor de desembarque e detonou os explosivos. Depois, um segundo, aproveitando o pânico, foi ao embarque, onde acionou sua carga. Finalmente, o terceiro, que esperava do lado de fora, explodiu.
Nesta quinta-feira, o atentado ainda não havia sido reivindicado e as autoridades turcas não identificaram até o momento os criminosos.
O jornal Hurriyet informou que um dos terroristas era um combatente checheno de nome Osman Vadinov, que teria viajado de Raqa, reduto do EI na Síria, à Turquia.
- Renúncia -
O primeiro-ministro Binali Yildirim considerou que "os indícios apontam para o Daesh", acrônimo em árabe do EI, contra o qual a Turquia, inicialmente acusada de conivência, precisou adotar uma posição mais dura.
O chefe dos serviços de inteligência americanos (CIA), John Brennan, indicou na quarta-feira que o atentado levava "a marca da depravação do EI".
Este novo atentado em Istambul, o quarto e mais mortífero em um ano na primeira cidade do país, comoveu a Turquia e foi condenado por muitas capitais.
O primeiro-ministro disse que aumentará "a presença de pessoas treinadas" nos aeroportos do país.
As forças turcas mataram no sábado na fronteira síria dois supostos membros do EI, um dos quais planejava um atentado suicida na Turquia, informou Anadolu.
O jornal de oposição Cumhuriyet criticava nesta quinta-feira o governo e perguntava "Alguém vai renunciar?", lembrando que, depois dos atentados no aeroporto e no metrô de Bruxelas, em março, dois ministros apresentaram sua demissão.
O "modus operandi" dos atentados no Ataturk lembra os ataques jihadistas de novembro em Paris (130 mortos) e de Bruxelas (32 mortos).
Várias fotos e vídeos chocantes compartilhados nas redes sociais mostravam uma enorme bola de fogo na entrada do terminal de voos internacionais e passageiros no chão do hall.
Istambul e Ancara foram atingidos desde o ano passado por uma série de atentados que deixaram 260 mortos e criaram um clima de forte insegurança.
O alvo dos atentados na Turquia foram as forças de segurança e os lugares turísticos, o que provocou uma queda imediata do turismo, e foram atribuídos ao EI ou aos rebeldes curdos, especialmente aos TAK, próximos ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).