O presidente argentino, Mauricio Macri, disse nesta segunda-feira que o capítulo agrícola "claramente é o ponto de conflito" nas negociações para um tratado de livre-comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul.
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"Claramente esse é o ponto de conflito, em geral o capítulo agrícola", disse Macri em coletiva de imprensa após uma série de reuniões com representantes europeus.
"Acho que temos que encontrar caminhos para poder avançar porque para nós [o Mercosul] são capítulos fundamentais", acrescentou.
O capítulo agrícola é muito sensível para as duas partes, especialmente agora, que o setor atravessa uma crise por conta da demanda da China e da menor produção de alguns produtos.
Em abril, a França, principal potência agrícola europeia, liderou cerca de vinte países no bloco para pedir à Comissão Europeia um estudo de impacto de um eventual acordo comercial no setor antes de avançar nas negociações com o Mercosul.
Esses países advertiram que incluir os "produtos sensíveis" poderá ter repercussões em todas as negociações comerciais da UE, em particular a que acontece com os Estados Unidos.
Cinquenta porcento das importações da UE provenientes do Mercosul correspondem a produtos agrícolas, setor em que a UE já tem um déficit comercial de aproximadamente 20 bilhões de euros, segundo cálculos da Comissão.
"O tema será parte da agenda (com a chanceler alemã, Angela) Merkel, como foi com (o presidente francês, François) Hollande", acrescentou Macri.
Hollande recebeu Macri no sábado em Paris, no começo de uma turnê europeia do mandatário argentino.
Em Bruxelas manteve nessa segunda-feira encontros com representantes da Comissão Europeia, entre eles a chefe da diplomacia, Federica Mogherini, assim como o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, instância que representa os países-membros da UE.
Na terça-feira Macri se reunirá em Berlim com Merkel.
"A verdadeira integração inclui todos os setores. Teremos que trabalhar nos próximos meses para ver como vamos resolvendo", insistiu.
Em maio, a UE e o Mercosul trocaram ofertas tarifárias, pela primeira vez depois de terem deixado as negociações de lado em 2004.
Macri se referiu à oferta tarifária de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai como "muito básica e inicial".
"É o começo do processo e esperemos que se acelere", disse.