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Exército sírio anuncia cessar-fogo de 72 horas em todo o país

Cessar-fogo coincide com o Eid al Fitr, que marca o fim do mês do Ramadã

AFP
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Publicado em 06/07/2016 às 19:30
Foto: KARAM AL-MASRI / AFP
Cessar-fogo coincide com o Eid al Fitr, que marca o fim do mês do Ramadã - FOTO: Foto: KARAM AL-MASRI / AFP
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O exército sírio decretou nesta quarta-feira um cessar-fogo de 72 horas em todo o território do país, um anúncio que coincide com o Eid al-Fitr, que marca o fim do mês do Ramadã, comemorado pelos EUA, que querem trabalhar com a Rússia por uma trégua permanente.

Apesar do anúncio desta trégua temporária, os bairros orientais de Aleppo, segunda cidade síria, sofreram novos bombardeios de artilharia pela manhã, informaram um correspondente da AFP e a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"Um 'regime de silêncio' é aplicado a todo o território da República Árabe da Síria, por um período de 72 horas desde as 1h00 de 6 de julho (19h00 de terça-feira no horário de Brasília) até às 0h00" da madrugada do dia 8 para o dia 9 de julho, segundo o comunicado do exército divulgado pela imprensa oficial.

O secretário de Estado americano, John Kerry, elogiou o cessar-fogo, afirmando que trabalha com a Rússia para transformá-lo em uma trégua durável.

"Saudamos a declaração do exército sírio sobre a instauração de um cessar-fogo para celebrar o Eid. Esperamos que ele seja respeitado por todas as partes", declarou Kerry à imprensa.

O texto não especifica se o cessar-fogo exclui ou não os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) e da Frente Al-Nusra, a facção síria da Al-Qaeda.

'Melhor que nada'

Vários grupos rebeldes sírios declararam em um comunicado que respeitarão a nova trégua, que coincide com o Eid al Fitr, festa que marca o fim do mês de jejum do Ramadã, "sempre que esta seja respeitada pelo outro lado". E destacaram que "até agora [o regime] não a respeitou, visto que no dia de hoje lançaram vários ataques".

Até agora, todas as tentativas de manter as tréguas entre os rebeldes e o regime de forma duradoura fracassaram, assim como os esforços para se alcançar uma solução pacífica para o conflito.

Em 27 de fevereiro, uma trégua negociada pelos Estados Unidos e a Rússia entrou em vigor na Síria, exceto em áreas controladas pelos extremistas islâmicos.

Mas essa trégua acabou sendo violada repetidamente pelos beligerantes.

Todas as tentativas de tornar o cessar-fogo permanente entre os rebeldes e o regime falharam, bem como os esforços para uma solução política ao conflito que já deixou mais de 280.000 mortos e forçou a fuga de milhões de pessoas.

Muitas tréguas temporárias em Aleppo, cidade do norte do país dividida em dois, foram regularmente anunciadas nos últimos meses, sem efeitos concretos, com os habitantes sofrendo com os ataques aéreos do regime e os foguetes rebeldes.

Bombardeios em Aleppo

Apesar do anúncio da trégua nesta quarta-feira, os bairros orientais da segunda maior cidade da Síria sofreram com os bombardeios na parte da manhã, informaram o correspondente da AFP no local e o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

No distrito de al-Mashhad, um civil foi morto e vários ficaram feridos por tiros no momento da oração do Eid, de acordo com o Observatório.

"Desde manhã cedo, os morteiros caem sobre o bairro", lamenta Ahmed Nassif, um residente. "Eu tinha planejado visitar meus parentes e amigos e levar meus filhos para brincar, mas decidimos ficar em casa por medo de novos bombardeios".

"Espero que a situação vai se acalmar um pouco durante o Eid, não por mim, mas pelas crianças", acrescentou.

Em Homs, a terceira maior cidade da Síria, o presidente Bashar al-Assad participou da oração do Eid al-Fitr, um deslocamento inédito o chefe de Estado, cujas aparições públicas são raras.

Os analistas acreditam que a violência deve continuar na Síria, enquanto não há nenhum esforço real para relançar um processo político.

Iniciada em 2011, a revolta contra o regime de Bashar al-Assad se transformou em uma guerra devastadora, na qual estão envolvidos múltiplos atores locais, regionais e internacionais.

O conflito favoreceu o crescimento de grupos extremista como o EI, que se implantou no país em 2013 e que, desde então, tem cometido uma série de atrocidades, na Síria e no mundo.

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