A 21ª Conferência Internacional sobre a Aids na África do Sul terminou nesta sexta-feira (22) com apelos para que se aumente o financiamento da luta contra a doença, enquanto a busca pela cura continua e 2,5 milhões de pessoas continuam se infectando pelo HIV por ano.
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"O trabalho simplesmente não é feito", disse a presidente da Sociedade Internacional de Aids (IAS), Linda-Gail Bekker, para milhares de delegados na cerimônia de encerramento do evento.
"Durante os cinco dias da conferência, 15.000 pessoas que vivem com HIV morreram, (...) e mais de 28.000 foram infectadas com o HIV", acrescentou.
"Isto me indigna e me assusta, e não vejo espaço para complacência", completou Bekker.
Cerca de 15.000 cientistas, ativistas e doadores se reuniram na cidade portuária sul-africana de Durban para discutir os mais recentes avanços na luta contra uma epidemia que matou mais de 30 milhões de pessoas em 35 anos.
Enquanto o número de novas infecções se estabilizou, o financiamento sofreu uma queda.
Um estudo da Unaids e da Fundação Kaiser Family apresentado na conferência apontou uma queda de bilhões de dólares em financiamentos de governos, de US$ 8,6 bilhões em 2014 para US$ 7,5 bilhões no ano passado.
"Estamos em um momento particularmente crítico para o futuro do financiamento", disse Bekker, que é a primeira mulher africana a comandar o IAS.
O alerta chega dois meses antes de uma conferência da organização de financiamento internacional Fundo Global no Canadá.
O Fundo Global foi criado em 2002 com o objetivo de arrecadar dinheiro para a luta contra a Aids, a malária e a tuberculose.
A organização está pedindo um financiamento de pelo menos US$ 13 bilhões dos governos doadores.
Uma falha na tentativa de preencher esse déficit só custaria mais dinheiro, disse a Rede de Advogados do Fundo Global no início desta semana.
Um estudo divulgado pelo grupo nesta semana alertou sobre 21 milhões de mortes evitáveis ?por Aids ?e 28 milhões de novas infecções pelo HIV nos próximos seis anos se o Fundo Global não conseguir os US$ 13 bilhões solicitados.
"Tudo se resume a isso: se as pessoas vivem ou morrem em muitos países é algo que vai depender de como os doadores respondem ao chamado do Fundo Global para a ação", disse Bekker. "Vidas dependem do Fundo Global", completou.
Cerca de 36 milhões de pessoas no mundo vivem com o HIV e a AIDS, principalmente na África subsaariana.
Destes, apenas 17 milhões estão recebendo tratamento.
A ONU definiu 2030 como o prazo final para acabar com a epidemia de Aids.