FRANÇA

Mil católicos e muçulmanos participam de missa por padre francês degolado

Durante a celebração, vários militares estavam do lado de fora vigiando a entrada do templo

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Publicado em 31/07/2016 às 10:35
Foto: CHARLY TRIBALLEAU / AFP
Durante a celebração, vários militares estavam do lado de fora vigiando a entrada do templo - FOTO: Foto: CHARLY TRIBALLEAU / AFP
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Cerca de mil fiéis católicos e muçulmanos acompanharam neste domingo (31) a missa organizada na catedral de Rouen, no noroeste da França, para prestar homenagem ao sacerdote Jacques Hamel, degolado na terça-feira (26) por dois terroristas em uma igreja.

Às 08h00 GMT (05h00 de Brasília), 900 fiéis se reuniam no interior da catedral, onde foram reservados assentos para os habitantes de Saint Etienne du Rouvray, também no noroeste do país, onde se encontra a igreja na qual o padre foi assassinado quando celebrava uma missa.

Do lado de fora, vários militares vigiavam a entrada do templo.

Entre os fiéis, uma centena de muçulmanos responderam ao chamado do Conselho Francês de Culto Muçulmano (CFCM), que convidou os responsáveis de mesquitas, imãs e fiéis a assistir a missa para expressar sua "solidariedade e compaixão".

"Amor a todos, ódio a ninguém", afirmava um cartaz pendurado dentro da catedral por uma associação muçulmana.

No sábado ocorreram vigílias interreligiosas por todo o país, abalado pelo assassinato, na manhã de terça-feira, do padre Jacques Hamel, de 85 anos, por Abdel Malik Petitjean e Adel Kermiche, ambos de 19 anos.

O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Em uma igreja de Saint Etienne du Rouvray, diante de um retrato do padre assassinado cercado por flores, fiéis católicos e muçulmanos ouviram com atenção as palavras do padre Auguste Moanda, que lembrou que "a fraternidade existe entre as duas religiões".

Em Bordeaux, no sudoeste, 400 pessoas de diferentes confissões participaram de uma oração conjunta na igreja de Notre Drame.

"Construir um pacto"

No plano político, o primeiro-ministro Manuel Valls considerou em um artigo publicado no Journal du Dimanche (JDD) que, embora "o islã tenha encontrado seu lugar na República", é urgente "construir um verdadeiro pacto" com a segunda religião da França.

Segundo Valls, apesar do fracasso da Fundação pelo Islã na França, criada há mais de dez anos "para reunir com toda transparência os fundos necessários" para seu desenvolvimento, será preciso "revisar algumas regras para esgotar o financiamento externo e aumentar, para compensar, a possibilidade de recolher fundos" no país.

Em outro artigo do JDD, quarenta personalidades muçulmanas da França disseram estar "consternadas pela impotência da organização atual do Islã na França, que não tem nenhuma influência nos acontecimentos".

Por sua vez, a polícia investiga o entorno dos autores do ataque, que haviam sido fichados de forma separada pelos serviços de inteligência, embora não tenha sido possível detectar que fossem passar à ação.

Segundo os jornais La Voux du Nord e Le Parisien deste domingo, os dois jovens se conheceram através do aplicativo de mensagens Telegram, utilizado por Adel Kermiche, que teria descrito anteriormente o modus operandi do atentado, mencionando uma faca e uma igreja.

No âmbito da investigação, a polícia deteve provisoriamente o primo de um dos assassinos e um refugiado sírio. Já um menor de 16 anos que havia sido detido foi liberado, mas a polícia analisa documentos de propaganda jihadista que encontrou em seu telefone e computador.

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