O Congresso Nacional Africano, partido que controla a política na África do Sul, sofreu nas eleições municipais desta semana sua pior derrota eleitoral desde o fim do apartheid, em 1994, dando início a uma nova era de coalizões políticas e aumentando as perspectivas de um segundo mandato truncado para o presidente Jacob Zuma.
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Em um grande, ainda que previsível, golpe ao partido de Nelson Mandela, também conhecido pelas iniciais em inglês ANC, a Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês) tomou o controle da cidade industrial de Porth Elizabeth e mantinha disputa acirrada pelo controle de outras duas importantes cidades, Johanesburgo e a capital Pretoria. Na noite de sexta-feira, os votos ainda não haviam sido completamente contabilizados.
A vitória do DA, há muito considerado o partido dos brancos ricos, é particularmente simbólica em Porth Elizabeth, cidade onde Nelson Mandela cresceu e onde tal feito seria impensável há poucos anos atrás. No entanto, pesam sobre o partido de Zuma graves denúncias de corrupção e também frustrações com a estagnação da economia.
O ANC ainda acredita que sairá do escrutínio com a maior parte dos votos. Ainda assim, uma transformação do cenário político nacional pode redesenhar as relações partidárias, que são dominadas por ele desde 1994.
O resultado pode inclusive forçar o recall do presidente antes das eleições nacionais de 2019. Membros do partido também teme que a baixa popularidade de Zuma pese sobre suas próprias candidaturas.
"O desempenho do ANC... sinaliza que os eleitores estão crescentemente preparados para punir o partido no voto, elevando as chances de que ele perca sua dominância na política sul-africana", disse Manji Cheto, vice-presidente da consultoria Teneo Intelligence.
Com 80% dos votos contabilizados em Johanesburgo, a maior cidade do país, o DA liderava com 41,8% dos votos, enquanto o ANC tinha 41,6%. Em Pretoria, com 88% dos votos, o DA liderava por 42,8% a 41,6%.