Ao menos dois milhões de americanos foram convocados a abandonar o litoral atlântico, e a Flórida decretou um plano de emergência federal diante da chegada do potente furacão Matthew, que ganhou força e subiu para a categoria 4, após deixar 300 mortos no Haiti.
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Segundo o senador haitiano Hervé Fourcand, Matthew provocou "mais de 300 mortes" no departamento do Sul, o mais duramente afetado no Haiti.
O senador desmentiu o boletim oficial que informa 122 mortos e advertiu que o número de 300 óbitos é ainda parcial.
Mais cedo, a Rádio Televisão do Caribe havia informado 264 mortes provocadas por Matthew no Haiti, o país mais pobre das Américas.
O acesso às zonas mais afetadas continua sendo difícil e dificulta a avaliação do número exato de vítimas.
Na sua passagem pelo Caribe, Matthew também causou quatro mortes na República Dominicana, onde mais de 36.500 pessoas foram evacuadas.
Está previsto que o furacão, que subiu nesta quinta-feira para a categoria 4 na escala Saffir-Simpson (até 5), chegue à Flórida durante a madrugada de sexta-feira (7), com impactos potencialmente desastrosos, de acordo com o Centro Nacional de Furacões (NHC, em inglês) dos Estados Unidos.
O condado de Volusia, na costa da Flórida, e a cidade de Daytona Beach decretaram o toque de recolher a partir das 04H00 GMT (01H00 Brasília), informou o corpo de bombeiros local.
O toque de recolher - de caráter obrigatório - estará em vigor até sábado, dia 8 de outubro, às 11H00 GMT (08H00), destacaram os bombeiros no Twitter.
Diante da ameaça que representa um furacão de categoria 4, o presidente americano, Barack Obama, decretou emergência federal nos estados de Flórida, Carolina do Sul e Geórgia.
A medida permite desbloquear rapidamente recursos federais de assistência e que as agências de segurança interior (DHS) e de gestão de situações de emergência (Fema) coordenem os trabalhos de resgate.
Segundo o boletim do NHC das 24H00 GMT (21H00 de Brasília), Matthew se encontrava 120 km a leste de West Palm Beach, balneário situado 100 km ao norte de Miami, com ventos máximos de 210 km/h e deslocando-se na direção noroeste a 20 km/h.
"É o furacão mais forte que atinge esta área em décadas", advertiu o NHC.
Cerca de 1,5 milhão de residentes do litoral da Flórida receberam a ordem de evacuar a região, assim como mais de um milhão na Carolina do Sul. A Geórgia, onde se espera que Matthew chegue no sábado, também ordenou a evacuação de seis condados do seu litoral.
Em uma ação rara, "os parques temáticos do Walt Disney World, o Disney Springs, os campos de minigolfe, os parques aquáticos e o complexo ESPN Wide World of Sports (da Flórida) serão fechados na quinta-feira às 17h (18h de Brasília) e permanecerão fechados até sexta-feira", afirmou a empresa.
Os abrigos do leste da Flórida estavam lotados na quinta-feira em uma corrida frenética para salvar pessoas e animais de estimação.
Bahamas sem eletricidade
O governador Rick Scott, da Flórida, um estado acostumado a tempestades tropicais, urgiu ao seus concidadãos que não esperem até o último minuto para pegarem a estrada, evitando assim ficarem em engarramentos ou sem gasolina.
Os candidatos à Presidência Hillary Clinton e Donald Trump também solicitaram aos cidadãos que evacuem as zonas de perigo, mas alguns habitantes desafiam essas recomendações.
Judy Ruscino, de 74 anos, explicou que ela e seu marido se refugiaram na garagem de sua casa no litoral. "Comparamos comida e a porta da garagem está protegida contra as tempestades", assegurou.
Segundo as autoridades aeroportuárias, 90% dos voos previstos para esta quinta-feira em Miami foram cancelados.
A força devastadora de Matthew continuava golpeando o arquipélago das Bahamas, onde os aeroportos foram fechados e os cruzeiros turísticos foram desviados.
Várias pessoas que não seguiram as instruções de evacuação emitidas nos últimos dias ficaram presas em suas casas devido ao aumento do nível da água, e todo o arquipélago ficou sem eletricidade.
Na ilha de New Providence, onde se situa Nassau, alguns habitantes relataram como os fortes ventos arrancaram os tetos de suas casas. Além disso, as estradas estavam cobertas de árvores caídas.
As autoridades pediram aos bahamenses que não saíssem de suas casas.
Haiti, o mais atingido
O Haiti foi o país mais atingido por este furacão, onde deixou 264 mortos.
Só no município de Roche-à-Bateau, no sul do país, houve "ao menos 50 mortos", informou por telefone à AFP o deputado do departamento do sul Ostin Pierre-Louis.
Em Jérémie, capital do departamento meridional de Grande Anse, de 30.000 habitantes, 80% das construções foram arrasadas na passagem do furacão, reportou a ONG Care em sua conta no Twitter.
O vento e as chuvas inundaram cerca de 2.000 casas, danificaram 10 escolas, destruíram importantes áreas agrícolas, empresas, estradas e pontes. Mais de 21.000 pessoas foram evacuadas e instaladas em refúgios provisórios.
O Haiti, muito vulnerável às intempéries devido a um grande desmatamento, tenta se recuperar do terremoto de 2010 que deixou mais de 200.000 mortos no país mais pobre do Caribe. Agora teme que reapareça a epidemia de cólera, considerando que já foram registrados oito novos casos.
As eleições presidenciais no país, previstas para domingo (9), foram adiadas na quarta-feira (5) diante da situação deixada pelo furacão.
Anteriormente, Matthew já havia atingido o extremo leste de Cuba, onde os municípios Baracoa, Imías, Maisí e San Antonio del Sur da província de Guantánamo estavam isolados e bastante destruídos, porém ainda não há informações sobre vítimas.
E, em plena temporada de furacões, a tempestade tropical Nicole se transformou nesta quinta-feira em furacão ao sul das ilhas Bermudas.