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Europa testa capacidade de pousar módulo espacial em Marte

O módulo europeu Schiaparelli iniciou uma descida de um milhão de quilômetros até Marte

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Publicado em 16/10/2016 às 18:56
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O módulo europeu Schiaparelli iniciou uma descida de um milhão de quilômetros até Marte - FOTO: AFP
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O módulo europeu Schiaparelli iniciou neste domingo uma descida de um milhão de quilômetros até Marte, onde deverá pousar na próxima quarta-feira, no que representa um desafio tecnológico para a Europa, que quer testar sua capacidade de controlar este difícil exercício.

Já a sonda russo-europeia Trace Gas Orbiter (TGO), da qual o módulo se separou, funciona bem, declarou à AFP Jocelyne Landeau-Constantin, do Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC), em Darmstadt (Alemanha). 

"Durante pouco menos de meia hora", os engenheiros deixaram de receber as telemedidas que permitem conhecer o estado da sonda, disse à AFP Michel Denis, diretor das operações de voo da ExoMars 2016.

"Não posso dizer que não fiquei preocupado, mas nunca perdemos o sinal com a sonda. E treinamos para situações piores", assinalou.

A TGO, que transportou o Schiaparelli em sua viagem de 496 milhões de quilômetros a partir da Terra, deve se colocar na órbita do Planeta Vermelho, uma fase complicada para esta missão russo-europeia.

Após um périplo de sete meses para chegar a Marte, o Schiaparelli se separou da TGO às 14h40 GMT. Ele funciona bem e está transmitindo sinal, disse Michel Denis. 

Até hoje, apenas os Estados Unidos conseguiram esta façanha, e os europeus enfrentam a missão com o antecedente nefasto do projeto Beagle 2, que desapareceu sem deixar rastros há 13 anos, após se separar da nave-mãe. 

O grande salto que o módulo Schiaparelli deve dar é a primeira etapa da ExoMars, uma missão científica ambiciosa reunindo Europa e Rússia, que tem dois objetivos: buscar indícios de que há ou pôde se desenvolver vida em Marte. 

A sonda TGO estará a cargo de "farejar" a atmosfera de Marte para detectar restos de gases, como o metano, um possível indício de que existe alguma forma de vida. Seus trabalhos terão início no começo de 2018. 

Em 2020, Europa e Rússia enviarão um robô que irá incorporar os desenvolvimentos tecnológicos do Schiaparelli. O aparelho fará perfurações para seguir as buscas por restos de vida, desta vez se concentrando na possibilidade de o Planeta Vermelho ter abrigado bactérias.

O pouso em Marte não será uma tarefa fácil, e o módulo pode se ver à mercê do clima marciano. "Sabemos que iremos chegar durante a temporada de tempestades de poeira, e isso nos levou a criar um desenho mais robusto para o Schiaparelli", assinalou Thierry Blancquaert, responsável de aterrissagem da Agência Espacial Europeia (ESA).

ESTAÇÃO METEOROLÓGICA

TGO e Schiaparelli, batizado em homenagem ao astrônomo italiano do século XIX, percorreram quase 500 milhões de quilômetros desde o seu lançamento, no foguete Proton, a partir da plataforma de Baikonur, Cazaquistão.

Desde julho, a dupla conseguiu se situar na trajetória para chegar a Marte.

Às 14H42 GMT deste domingo, a sonda ativou o aparelho de aterrissagem, um "demostrador de tecnologia" que iniciou uma longa descida, acompanhada pelo centro de controle da ESA em Darmstadt, Alemanha.

Para proteger o módulo, uma espécie de casco deveria absorver e dissipar o calor gerado pelo atrito com a atmosfera nos primeiros três ou quatro minutos.

Ao chegar à altitude de 11km e à velocidade de 1.700 km/h, o módulo abrirá um paraquedas supersônico, explicou a ESA.

Quarenta segundos depois, a velocidade será reduzida a 250km/h. A parte da frente do casco se desacoplará, assim como a metade traseira com o paraquedas atado.

O Schiaparelli ativará, então, nove propulsores de controle de velocidade. Irá se manter brevemente a uma altura de dois metros, antes de desligar seus motores e cair na superfície.

Espera-se que o impacto seja absorvido por uma estrutura de compressão localizada na parte inferior do módulo.

O Schiaparelli é equipado com uma pequena estação meteorológica, que medirá a pressão, temperatura e velocidade do vento, além dos campos elétricos na superfície de Marte.

A vida do módulo, no entanto, será curta. Ele terá de dois a oito dias para cumprir sua missão, já que possui apenas uma bateria, não recarregável.

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