O governo da Venezuela e os líderes da aliança de oposição disseram hoje que se reuniriam para resolver a crise econômica e política do país, um dia depois de ambos os lados trocarem acusações de armarem um golpe e apoiadores do partido da situação invadirem o Congresso controlado pela oposição.
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O anúncio de que governo e oposição vão inciar os diálogos para superar a crise econômica no país foi feito pelo enviado do papa Francisco, Emil Paul, núncio apostólico na Argentina.
"Hoje se iniciou o diálogo nacional durante um encontro entre representantes do governo e da oposição, com o propósito de estabelecer as condições para convocar uma reunião plenária na Ilha Margarita, no dia 30 de outubro", disse o enviado em entrevista coletiva.
De acordo com o presidente do Parlamento, Henry Ramos Allup, o enviado do papa se reuniu em separado com delegados de ambos os lados para explorar a possibilidade de diálogo.
"Ontem à tarde, à noite, uma delegação da Mesa da Unidade (Democrática, MUD) se reuniu com o enviado do papa, com o núncio e com os ex-presidentes da comissão da Unasul", declarou Ramos Allup em entrevista ao canal privado Globovisión.
O deputado da oposição disse que o representante do sumo pontífice também se encontrou em separado com membros do governo do presidente Nicolás Maduro.
"Não houve qualquer reunião (da oposição) com o governo. Houve reuniões em separado para explorar a possibilidade de um eventual diálogo", acrescentou o presidente da Assembleia Legislativa, controlada pela MUD.
Ramos Allup disse desconhecer "detalhes exatos" desses encontros.
"Esse país não vai se matar. Tem de se entender nesse país. Nesse país, tem de se aceitar as regras da Constituição e do voto popular, que é o que tira e bota governos", completou.
No domingo, também houve um encontro entre o ex-presidente panamenho Martín Torrijos, integrante da comissão da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), e o detento da oposição Leopoldo López.
"Eu disse a ele que esse (diálogo) não era possível, depois de terem suspendido o referendo revogatório e roubado do povo o direito de se expressar", denunciou López, em sua conta no Twitter administrada por sua mulher, Lilian Tintori.
Esses contatos acontecem em um momento de alta tensão política após a suspensão, por parte do Conselho Nacional Eleitoral, do processo liderado pela MUD para submeter Maduro a um referendo revogatório de seu mandato que termina em 2019.
No domingo, o Parlamento reagiu, aprovando uma resolução que considera a suspensão do referendo como o ápice de um "golpe de Estado" por parte do governo.
A oposição convocou uma sessão para esta terça (24), na qual analisará "a situação constitucional do presidente". Além disso, a coalizão convocou um protesto nacional para quarta-feira.
Maduro encerra hoje uma viagem pelo Oriente Médio, onde promove acordos para melhorar os preços do petróleo. De lá, pediu calma e diálogo.