Em sua última visita oficial aos europeus, preocupados com a eleição de Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ressaltou nesta terça-feira em Atenas a importância de uma Europa "forte e unida" e de uma Aliança Atlântica sólida.
Leia Também
"Acreditamos que uma Europa forte, próspera e unida não é somente boa para os povos da Europa, mas boa para o mundo, e boa para os Estados Unidos", declarou o presidente americano ao presidente grego Prokopis Pavlopoulos, que o recebeu no palácio presidencial.
Os Estados Unidos mantém uma parceria estratégica com a Grécia, localizada na ponta da Europa. A relação entre os dois países dentro da Otan, "é da mais alta importância", lembrou Obama, que visitará a Alemanha após a Grécia.
O FMI, do qual os Estados Unidos são o principal acionário, defendem claramente um alívio para a dívida grega. Mas a Alemanha não aceita qualquer diminuição desta dívida.
"A austeridade sozinha não pode trazer prosperidade", ressaltou o presidente americano, enquanto a Grécia segue sob tutela financeira da UE e do FMI desde 2010.
O presidente americano também elogiou os gregos por sua compaixão na crise migratória, convidando o mundo "a não deixar um país carregar sozinho" o peso da crise.
"Continuamos de pé, apesar das dificuldades dos cinco últimos anos, nós defendemos nossos ideias", disse o primeiro-ministro Alexis Tsipras.
O 44º presidente dos Estados Unidos provavelmente tinha imaginado um tom diferente para o que é também o sue giro de despedida da Europa depois de oito anos no poder.
Mas Donald Trump estará na mente de todos. E com ele, uma cascata de perguntas sobre a direção que o futuro presidente pretende dar à América em muitas grandes questões internacionais: acordo sobre o clima, acordo sobre o programa nuclear iraniano...
'No mesmo caminho'
Durante uma coletiva de imprensa na segunda-feira em Washington, Obama procurou tranquilizar o mundo.
Nesta terça, ele ressaltou que Donald Trump havia assegurado, durante um primeiro encontro, que ele apoiava uma Otan forte.
Em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse ter certeza que Donald Trump respeitaria "todos os compromissos dos Estados Unidos", em relação à Aliança Atlântica.
Depois da Grécia, Obama vai visitar a Alemanha, onde se encontrará com a chanceler Angela Merkel. Durante esta escala em Berlim, também deve ver o presidente francês, François Hollande, a primeira-ministra britânica, Theresa May, e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.
A viagem de Obama deve terminar no fim de semana no Peru, onde vai participar do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), onde espera conversar com o presidente chinês, Xi Jinping.
Em um dia bastante simbólico, o presidente americano deve visitar na quarta-feira a Acrópole e fazer um discurso sobre os desafios da globalização, no berço da democracia, uma ressonância particular frente ao surgimento de movimentos populistas em ambos os lados do Atlântico.
Esta é a primeira viagem de Obama à Grécia. O último presidente dos Estados Unidos a visitar o país oficialmente foi Bill Clinton em 1999.
A visita de Obama "é construtiva, em muitos aspectos, ela vai ajudar a avançar na direção de uma solução viável e justa para a dívida grega", declarou o porta-voz do Governo grego, Dimitris Tzanakopoulos, em uma entrevista ao jornal pró-governamental Avghi.
Ele ressaltou que a "visita ocorre em um período crucial", em meio à crise migratória e enquanto o Chipre continua dividido.
'Antes de tudo ele é americano'
Os atenienses parecem divididos sobre esta visita. "Vivemos com a esperança de que a visita traga algo de positivo para a Grécia e para a região", disse à AFP Spyros M., de 30 anos, um funcionário público.
Ekaterini Tsarmoutzi, empregado no setor privado, mostrava-se dubitativo: "É simpático como pessoa, mas principalmente ele é americano, os gregos têm de aprender a confiar em sua própria força para resolver os seus problemas".
Christina Artinou, concierge, perguntava-se por que Obama visitava o seu país no final de mandato, e considerava que "seria bom que o novo presidente (Donald Trump) viesse visitar-nos".
Sujeita a medidas de austeridade draconianas, a Grécia luta para emergir da recessão, apesar de uma melhora nas suas finanças.
"Para que as reformas resultem em mudanças duráveis, as pessoas precisam de esperança", disse Obama em uma entrevista ao jornal grego Kathimerini.
Ele prometeu continuar a instar os credores da Grécia a "tomar as medidas necessárias, nomeadamente a redução da dívida, para que o país possa retornar ao crescimento econômico robusto".
Se o FMI é da mesma linha que a administração americana, a pasta se depara com a intransigência da Alemanha e um progresso de curto prazo parece improvável.
O presidente americano também quer insistir sobre "a compaixão e generosidade" do povo para com os refugiados e migrantes.
Manifestações anunciadas por sindicatos e partidos de extrema esquerda foram proibidas no centro da capital. Cerca de trinta escolas foram fechadas por "razões de segurança".