CONFRONTO

Aleppo era cidade-chave para guerra na Síria

Em 2011 Aleppo foi palco de manifestações de estudantes rapidamente dissolvidas pelas forças de segurança

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Publicado em 22/12/2016 às 20:35
Foto: GEORGE OURFALIAN / AFP
Em 2011 Aleppo foi palco de manifestações de estudantes rapidamente dissolvidas pelas forças de segurança - FOTO: Foto: GEORGE OURFALIAN / AFP
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Aleppo, no norte da Síria, que as forças do regime recuperaram por completo nesta quinta-feira (22), era a capital econômica do país e representa uma vitória fundamental para o presidente Bashar al-Assad. Aleppo entra na guerra

Após o início da revolta contra Al-Assad, em março de 2011, Aleppo foi palco de  manifestações de estudantes rapidamente dissolvidas pelas forças de segurança.

Em julho de 2012, os rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL), integrado por civis armados e desertores das forças armadas, entraram na cidade e tomaram quase a metade de Aleppo. Em agosto de 2012, as forças do regime lançaram uma ofensiva por terra e ar.

A ex-capital econômica da Síria ficou dividida entre setores controlados pelo regime, no oeste, onde viviam 1,2 milhão de pessoas, e a zona rebelde, no leste, com 250 mil pessoas.

Cidade devastada

As ofensivas deram lugar a uma guerra de desgaste, que foi destruindo a cidade e sua antiga parte histórica. 

O Exército utilizou helicópteros e aviões para jogar "barris carregados de explosivos" sobre os bairros rebeldes, segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). 

Os rebeldes respondiam disparando foguetes contra os bairros controlados pelo governo. 

Intervenção russa

A partir de setembro de 2015, a Rússia passou a ajudar pesadamente o regime sírio, que até então perdia terreno para seus adversários, o que permitiu a Damasco reconquistar zonas controladas pelos rebeldes. 

Em 17 de julho de 2016, o Exército cortou a última via de abastecimento dos rebeldes, a estrada do Castello, e passou a pressionar os bairros rebeldes, provocando severa escassez de alimentos e uma escalada nos preços. 

No dia 22 de setembro, Damasco e seu aliado russo lançaram uma grande ofensiva contra a zona rebelde, submetida aos bombardeios mais intensos dos últimos anos. Os países ocidentais acusaram as forças do regime e Moscou de praticar "crimes de guerra". 

Com esta operação, o Exército retomou - um a um - os bairros rebeldes, entre eles a cidade antiga, no dia 7 de dezembro. Os combates causaram mais de 400 mortos no leste de  Aleppo, e 130 no oeste, enquanto 130 mil civis fugiam dos bairros rebeldes, segundo o OSDH. 

No dia 12 de dezembro, um oficial sírio afirmou que a operação havia "entrado em sua fase final". No dia 15, começaram as primeiras retiradas de civis e rebeldes dos bairros do leste da cidade.

Em 22 de dezembro, após a saída do último comboio transportando rebeldes e civis, o governo anunciou a retomada total de Aleppo.

Destruição de uma cidade milenar

Aleppo, uma joia arquitetônica, é uma das cidades mais antigas do mundo, habitada de forma constante há ao menos 4 mil anos antes de Cristo, graças a sua estratégica posição entre o Mediterrâneo e a Mesopotâmia.

Especializada na indústria manufatureira, especialmente a têxtil, esta metrópole foi a segunda cidade do Império Otomano no século XIX.

Em 1979, após um atentado contra a Academia Militar de Aleppo atribuído à Irmandade Muçulmana, Damasco deu as costas para a cidade, cujos comerciantes apoiavam a revolta da  cofraria islâmica.

A partir dos anos 1990, a cidade voltou a registrar uma certa prosperidade, especialmente graças às atividades comerciais e industriais.

A cidadela de Aleppo, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1986, começou a ser edificada no século X e sua construção durou três séculos.

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