FRANÇA

Macron faz autocrítica e promete governar 'de forma diferente'

O presidente admitiu que seu Executivo não teve ''consideração'' suficiente com os franceses desde o início de seu mandato, em maio de 2017

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Publicado em 15/11/2018 às 16:19
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O presidente admitiu que seu Executivo não teve ''consideração'' suficiente com os franceses desde o início de seu mandato, em maio de 2017 - FOTO: Foto: HANDOUT / TF1 / AFP
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O presidente francês, Emmanuel Macron, reconheceu, em entrevista ao canal de TV TF1, que não conseguiu "reconciliar o povo francês com seus dirigentes", e prometeu governar "de forma diferente", em um exercício de autocrítica inédito.

Sentado no hangar do porta-aviões Charles de Gaulle, o presidente admitiu, na noite desta quarta-feira, que seu Executivo não teve "consideração" suficiente com os franceses desde o início de seu mandato, em maio de 2017.

"Não consegui reconciliar o povo francês com seus dirigentes", disse Macron, três dias antes de uma mobilização em toda a França dos chamados "coletes amarelos". Este movimento, cujo nome se refere ao colete de segurança fluorescente usado em estradas em situações de emergência, foi criado pela sociedade civil e, a princípio, é apolítico.

O coletivo convocou uma manifestação em todo o país para o próximo sábado, a fim de bloquear estradas e protestar contra os novos impostos, principalmente com o aumento dos preços da gasolina e do diesel.

"Nossos cidadãos querem três coisas", disse Macron na entrevista. "Que sejam levados em conta, protegidos, e que lhes tragam soluções. Não declarações, soluções. E não tivemos consideração suficiente", afirmou o presidente, acusado com frequência pela oposição de arrogância e de estar afastado das preocupações da população.

Abrir os olhos

"O presidente sempre fechou os olhos, convencido de estar com a razão (...) Hoje, finalmente os abre", comenta Laurent Bodin em um artigo publicado hoje no jornal regional "L'Alsace". 

O presidente "se liberta, o que é raro nele, para um mea-culpa", assinala o jornal "Le Parisien".

Macron percorreu o país na semana passada para comemorar o centenário do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18), e visitou áreas pobres e não industrializadas do norte e leste da França, onde, segundo ele, enfrentou diretamente a "irritação e impaciência" de muitos cidadãos.

Em outubro, Macron foi interpelado na rua por aposentados, que se queixavam de suas pensões. Citando o general De Gaulle, o presidente respondeu: "Vocês podem falar livremente, a única coisa que não têm o direito de fazer é se queixar. O país ficaria muito melhor sem estas queixas."

O presidente francês também foi muito criticado quando disse a um jovem desempregado que bastava que atravessasse a rua para encontrar trabalho.

"Esta reconciliação entre a base e o topo é algo que considero não ter conseguido, e, por isso, será agora o centro do que me espera como trabalho nos próximos meses", afirmou ontem Macron.

Paralelamente às mudanças no método de sua presidência, Macron reafirmou que manterá o "rumo" de sua política para "transformar profundamente o país", o que levará "não um ano, mas todo o quinquênio" de sua presidência (2017-2022).

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