Estados Unidos e México chegaram a um acordo sobre imigração na sexta-feira (7) e conseguiram evitar a imposição de tarifas contra os produtos mexicanos exportados para os EUA.
Neste sábado (8), o presidente americano, Donald Trump, disse que o acordo funcionará se o país vizinho cumprir sua parte para conter o fluxo migratório.
"O México se esforçará muito e, se fizer isso, este será um acordo muito bem-sucedido tanto para os Estados Unidos quanto para o México!", tuitou Trump hoje cedo.
Ele também anunciou que o país vizinho "aceitou começar de imediato a comprar grandes quantidades de produtos agrícolas dos grandes agricultores patriotas (americanos)".
Também neste sábado, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, comemorou o acordo, o qual considerou "muito, muito importante".
"Não poderíamos estar mais satisfeitos com o acordo alcançado. É muito, muito importante e valorizamos o compromisso do México de nos ajudar em importantes temas migratórios", declarou Mnuchin em Fukuoka, onde está para a reunião do G20 financeiro.
"Em consequência, o presidente decidiu que não aplicaremos as tarifas aduaneiras", completou o secretário, manifestando sua satisfação com este "resultado crucial".
"Conversei por telefone com o presidente Trump. Comentei com ele que em Tijuana direi que para o presidente dos EUA não levanto um punho fechado, mas a mão aberta e franca", disse López Obrador no Twitter antes do discurso que dará nessa cidade fronteiriça.
"Reiteramos nossa disposição à amizade, ao diálogo e à colaboração pelo bem de nossos povos", acrescentou.
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"Tenho o prazer de lhes informar que os Estados Unidos obtiveram um acordo com o México. As tarifas programadas para serem implementadas na segunda-feira contra o México estão suspensas indefinidamente", tuitou Trump ontem.
"O México, por sua vez, concordou em adotar medidas enérgicas para deter a maré de emigração" através do território mexicano "em direção à nossa fronteira sul", acrescentou o presidente americano.
"Isto está se fazendo para reduzir, ou eliminar, em grande medida a imigração ilegal que vem do México para os Estados Unidos", completou Trump.
Segundo uma declaração conjunta, o México adotará "medidas sem precedentes" para deter o fluxo de emigrantes centro-americanos por seu território em direção aos Estados Unidos, inclusive mediante a mobilização de tropas de sua Guarda Nacional.
O México também se comprometeu a desmantelar os grupos de tráfico de pessoas. Além disso, os emigrantes que cruzarem a fronteira para os EUA para solicitar asilo serão devolvidos sem demora para o território mexicano, onde poderão aguardar o resultado de seu pedido.
"Os Estados Unidos se comprometem a acelerar a resolução dos pedidos de asilo e a proceder com os trâmites de remoção o mais rápido possível", informa a declaração conjunta.
O México destacou que dará oportunidades de trabalho e acesso à saúde e à educação aos emigrantes e às suas famílias, enquanto permanecerem em seu território.
Os dois países reafirmaram seu compromisso de 18 de dezembro sobre fomentar o desenvolvimento econômico e os investimentos no sul do México e na América Central "para se criar uma zona de prosperidade", uma proposta do presidente mexicano, López Obrador.
O anúncio do acordo saiu ao final de três dias de negociações em Washington entre funcionários da administração Trump e do governo mexicano.
López Obrador celebrou o acordo no Twitter: "graças ao apoio de todos os mexicanos foi possível evitar a imposição de tarifas aos produtos mexicanos exportados para os Estados Unidos".
O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, que liderou a delegação em Washington, avaliou que "se obteve um equilíbrio justo" nas negociações.
"Chegamos a um ponto intermediário e aceitaram apoiar o programa que o México propõe para a América Central", afirmou.
O governo de López Obrador aposta em promover o desenvolvimento na Guatemala, em Honduras e em El Salvador, origem da maioria dos emigrantes, para deter seu fluxo em direção aos Estados Unidos.
Os emigrantes centro-americanos abandonam seus países, fugindo da falta de perspectiva econômica e da violência provocada por quadrilhas de criminosos.
Decidido a forçar o México a deter o crescente fluxo migratório em direção aos EUA, Trump havia anunciado na semana passada a adoção de tarifas sobre todos os produtos mexicanos. A partir de 10 de junho, os produtos seriam sobretaxados em 5%, com um aumento gradual mensal até chegar a 25%.
A medida era potencialmente desastrosa para o México, que destina 80% de suas exportações aos EUA.
Na quinta-feira, o México informou os Estados Unidos sobre o envio de seis mil homens da Guarda Nacional para a fronteira com a Guatemala.
Mais de 144.000 migrantes, em sua maioria da América Central, foram detidos em maio na fronteira com o México. Foram 32% a mais do que em abril. O ritmo de chegada de imigrantes sem documentos, 677.000 desde outubro, é o mais alto desde 2006, segundo cifras oficiais americanas divulgadas antes do início das negociações.