A onda de calor que dispara os alarmes em grande parte da Europa atingiu o pico nesta quinta-feira (25), com recordes de temperatura na França, onde os termômetros registraram em Paris 42,5°C.
O governo francês declarou pela segunda vez em menos de um mês um alerta vermelho de calor em grande parte do nordeste do país, onde máximas de até 43°C estão previstas.
O alerta vermelho, o mais grave em uma escala de quatro, que significa "alerta de saúde" para todos os cidadãos, foi ativado pela primeira vez em junho em quatro departamentos do sul do país.
Os usuários do transporte público sofreram os rigores da calor. "É muito quente no metrô, é insuportável", disse à AFP Petra Ulm, austríaca de 34 anos que vive na França.
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"Há muitas pessoas, não há ar condicionado e estamos uns por cima dos outros", acrescentou, enquanto gotas de suor escorriam por sua testa.
Na escola de verão parisiense Constantin Pecqueur, perto de Montmartre, foram canceladas as excursões para as crianças de 3 a 6 anos. "Pedimos às crianças para virem com trajes de banho, vamos brincar com água no pátio", explicou um funcionário.
Desde o forte calor de 2003, o pior da história da França e que deixou 15 mil mortos, as autoridades enfatizaram os riscos para as pessoas vulneráveis, especialmente os idosos e as crianças, mas este ano eles estenderam as advertências para toda a população.
Choque térmico, hipertermia durante o esforço físico ou insolação dentro de um carro quente ... "Acima de 37° C, nosso corpo faz um grande esforço para esfriar" e com um esforço físico, "aumentamos significativamente o risco de aumento da temperatura corporal", disse a ministra da Saúde, Agnès Buzyn.
Salvando peixes
O município holandês de Noordenveld (norte) anunciou no Twitter que vai jogar sal nas estradas nos próximos dias, uma técnica normalmente reservada para o inverno. O objetivo é esfriar o asfalto para evitar que ele derreta e fique pegajoso, o que pode causar acidentes.
A estação local de rádio e televisão Omroep Brabant lançou uma campanha incomum. Colocou um bloco de gelo de 30 kg na calçada em frente à sua sede e perguntou aos ouvintes e espectadores quanto tempo levaria para derreter. A experiência foi transmitida ao vivo pelo Facebook e a pedra desapareceu em 7h26min.
Na Alemanha, que registrou uma temperatura recorde de 40,5 °C na quarta-feira, a previsão para esta quinta-feira era de 41 °C ao lango do rio Reno.
As autoridades locais registraram pelo menos quatro mortes por afogamento entre banhistas que tentavam se refrescar em lagos e rios do país.
A cidade de Herne (oeste) anunciou que vai transferir na sexta-feira todos os peixes dos lagos da cidade para o rio Reno, numa tentativa para salvá-los, já que devido ao calor, a quantidade de oxigênio na água diminui.
Uma criança morta na Áustria
Na Áustria, onde se espera uma máxima de 38 °C, uma criança de três anos morreu por desidratação, após ser encontrada inconsciente na segunda-feira dentro de um carro estacionado sob o sol.
No Reino Unido, de acordo com o serviço meteorológico nacional, existe uma chance de 60% dos termômetros marcarem acima do atual recorde de temperatura 38,5 °C.
E esse calor pode desencadear tempestades elétricas gerando atrasos de viagens de trem, inundações repentinas e quedas de energia.
Os serviços de emergência alertaram a população sobre os perigos de se refrescar nos lagos, rios ou no mar depois que os corpos de três mortes por afogamento registradas na quarta-feira.
Já na Espanha, as temperaturas caíram na quinta-feira para médias consideradas normais no verão, e apenas seis das 50 províncias do país seguiam em alerta laranja (que significa "risco importante"), segundo a Agência Estatal de Meteorologia (AEMET).
As temperaturas mais altas são esperadas no nordeste do país, onde podem chegar a 41 ºC em cidades como Zaragoza. Nesta região, em torno do vale do Ebro, foi declarado alerta amarelo devido às fortes tormentas.
Nos últimos dois mil anos, as temperaturas globais nunca aumentaram tão rapidamente como agora, de acordo com dados de dois estudos publicados na quarta-feira nas revistas Nature e Nature Geoscience.