Manifestação

Manifestantes desafiam a polícia pelo 10º fim de semana em Hong Kong

Milhares de pessoas, muitas vestidas de preto, levantaram barricadas e bloquearam avenidas

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Publicado em 11/08/2019 às 21:55
Manan Vatsyayana / AFP
Milhares de pessoas, muitas vestidas de preto, levantaram barricadas e bloquearam avenidas - FOTO: Manan Vatsyayana / AFP
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Milhares de manifestantes pró-democracia saíram em passeata neste domingo em Hong Kong pelo 10º fim de semana consecutivo, voltando a desafiar a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo.

Os ativistas protestaram durante toda a tarde e o começo da noite em diferentes pontos da cidade. No distrito operário de Sham Shui Po, onde as manifestações foram proibidas, milhares de pessoas, muitas vestidas de preto, ergueram barricadas e bloquearam avenidas perto de uma delegacia.

À noite, os manifestantes apontaram lasers azuis para a fachada do prédio, enquanto policiais agitavam um cartaz ordenando uma dispersão. Pouco depois, começou o confronto, com manifestantes lançando tijolos e pedras e a polícia respondendo com gás lacrimogêneo.

Em Wan Chai e Causeway Bay, na ilha de Hong Kong, manifestantes bloquearam as ruas e cantaram frases de efeito. Não muito distante, em North Point, houve distúrbios entre moradores que apoiam o regime comunista da China continental e os pró-democracia, o que levou a uma nova intervenção policial.

 'Nossa última esperança' 
 

Nesta sexta-feira, completaram-se dois meses do início das mobilizações, deflagradas por um grande protesto contra um projeto de lei de extradição. A pauta do movimento acabou se ampliando e passou a incluir demandas por mais justiça e democracia.

Hong Kong vive sua maior crise política desde que foi devolvido por Londres à China, em 1997. As manifestações, quase diárias, causam cada vez mais confrontos entre grupos radicais e a polícia.

O polêmico projeto de lei foi suspenso, mas os manifestantes continuam reivindicam a sua retirada definitiva. Também pedem a renúncia de Lam e a designação de um sucessor por meio do voto universal, em vez de nomeações feitas por Pequim.

Além disso, exigem uma investigação sobre a violência policial e sobre abusos da Justiça, diante das centenas de detenções das últimas semanas.

"Não existe a possibilidade de nos retirarmos. Esta é nossa última esperança de estabelecer a democracia", disse o ativista Lam, 20.

'Gato e rato' 
 

A polícia havia autorizado uma concentração no setor de Victoria Park, mas não a passeata prevista em direção ao leste da ilha. Os manifestantes adotaram a estratégia de "gato e rato" para se esquivarem do dispositivo policial e diminuírem os confrontos com as forças de segurança.

"Nosso objetivo é evitar os feridos, o sangue e as prisões", disse o estudante Chan, 17, que estava no Parque Victoria. "Nossa estratégia anterior, que consistia em que nos mantivéssemos no mesmo lugar, resultou em muitos detidos e feridos", reconheceu.

A chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, advertiu que as manifestações pró-democracia dos últimos dois meses estão provocando uma tormenta econômica na cidade, mas descartou nesta sexta-feira fazer concessões aos ativistas. "No que se refere a uma solução política, não acho que tenhamos que fazer concessões para silenciar os manifestantes violentos", declarou durante uma entrevista coletiva convocada após se reunir com líderes empresariais.

"O que é bom para Hong Kong é encerrar a violência, para que possamos avançar", assinalou Carrie, que recebeu apoio total do governo chinês desde o começo da crise. Já Pequim endureceu o tom esta semana, intensificando as ameaças aos manifestantes.

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