ELEIÇÕES LEGISLATIVAS

Apuração parcial em Israel dá um deputado de vantagem a Gantz sobre Netanyahu

com 91% dos votos apurados nenhum dos dois teria capacidade para formar um novo governo

Estadão Conteúdo
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Publicado em 18/09/2019 às 17:45
Foto: Emmanuel DUNAND, Menahem KAHANA / AFP
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O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e seu rival Benny Gantz disputam deputado por deputado a maioria no Parlamento israelense e com 91% dos votos apurados nenhum dos dois teria capacidade para formar um novo governo após as eleições legislativas de terça-feira, 17, informou a imprensa israelense.

O Likud, partido de direita de Netanyahu, tem por enquanto 31 deputados e o Azul e Branco, movimento de centro-direita fundado pelo general Gantz, tem 32 cadeiras, das 120 do Knesset, o Parlamento israelense.

Nenhum dos dois, mesmo com o apoio de seus aliados, alcançaria as 61 cadeiras necessárias para governar o país.

Ex-aliado de Netanyahu pode resolver impasse

Até o momento, a Comissão Eleitoral divulgou apenas os resultados de 44% dos votos. Caso as informações da imprensa se confirmem, o caminho mais provável seria a formação de um governo de união nacional entre os dois principais partidos.

Como aconteceu nas eleições anteriores, o ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman pode ser o nome chave nas próximas semanas, pois seu partido, Israel Beiteinu, conquistou 9 cadeiras.

Lieberman rompeu com Netanyahu em abril por discordar da aliança do premiê com os partidos religiosos e provocou a convocação de novas eleições.

Após a divulgação das pesquisas, Lieberman afirmou que há apenas uma opção para o país: um governo de unidade entre o seu e os dois maiores partidos.

Em um discurso a seus apoiadores, Lieberman disse que a única opção para os dois maiores partidos seria se juntar a ele em coalizão ampla e secular que não ficasse sujeita às demandas dos partidos judeus ultraortodoxos.

De acordo com as mesmas fontes, a Lista Unida de partidos árabes seria o terceiro mais votado, com 12 deputados.

Em Israel, o presidente recebe os deputados e estes indicam um chefe de governo. Os partidos árabes já afirmaram que não aceitam o nome de Netanyahu, mas não deixaram claro se apoiarão Gantz.

Gantz comemora resultado de boca de urna

Gantz comemorou os resultados das pesquisas de boca de urna e, apesar de adotar um tom cauteloso, afirmou que seu principal adversário não conseguirá formar governo e seguir no comando do país.

"Estou contente de estar aqui nesta noite. Do jeito que as coisas estão neste momento, parece que cumprimos nossa missão. ( ..). Com os resultados de agora, Netanyahu não pode formar um governo. E nós, sim, poderíamos", afirmou Gantz, antes de pedir ao público reunido na sede da coalizão que aguarde o resultado oficial do pleito.

As pesquisas de boca de urna apontavam uma vitória da coalizão Azul e Branco sobre Netanyahu, mas dentro da margem de erro.

Nas últimas eleições realizadas no país em abril, Gantz fez um discurso de vitória por acreditar que havia batido o Likud. No entanto, os resultados finais acabaram favorecendo o primeiro-ministro.

Gantz prometeu que, independente do resultado das urnas, a coalizão Azul e Branco continuará sendo uma força central no cenário político de Israel. Segundo ele, mais de 1 milhão de pessoas disseram "não" à destruição da democracia israelense ao não votar em Netanyahu, que está no poder desde 2009.

Gantz alerta para desafios de segurança

Em um breve discurso, o ex-general falou sobre os grandes "desafios de segurança" que o país enfrenta e da forte polarização da sociedade israelense.

Por esse motivo, acompanhado de seus principais aliados, Yair Lapid, Gabi Ashkenazy e Moshe Yaalon, prometeu que a coalizão que pretende formar buscará a união do país.

O líder da Azul e Branco disse também que conversou com as lideranças dos partidos de esquerda e também com Lieberman, que quer um governo de unidade com a coalizão liderada por Gantz e com o Likud.

"Nesta noite começaremos a construir um amplo governo de unidade que represente o povo e devolva a sociedade israelense ao caminho correto. Todas as divisões devem ficar para trás. Peço a meus rivais políticos, de todos os setores, que trabalhemos juntos por uma sociedade justa que sirva a todos os seus cidadãos", afirmou Gantz.

Netanyahu volta a atacar árabes

Binyamin Netanyahu voltou a atacar os partidos árabes do país em breve discurso realizado nesta quarta-feira no comitê de campanha montado pelo Likud para as eleições.

"Não pode haver um governo que dependa dos partidos árabes antissionistas, partidos que questionam a própria existência do Estado de Israel, partidos que glorificam e honram terroristas que matam nossos soldados e crianças. Não podemos aceitar isso", continuou.

"Nos próximos dias entraremos em negociações para estabelecer um governo forte e sionista, impedindo um governo antissionista. Devemos representar todas as partes da nação como o Estado judeu Tenho grande confiança no nosso caminho. Ganharemos", disse Netanyahu.

O líder do Likud não citou Gantz, com quem poderia formar um governo de unidade para comandar o país. Assim como o rival, Netanyahu adotou um tom de cautela e pediu a seus simpatizantes que esperem a apuração oficial para comemorar os resultados.

O apoio de Trump

O presidente dos EUA não deixou de ser citado no discurso de Netanyahu. "Muito em breve, meu bom amigo, o presidente (Donald) Trump apresentará seu plano (de paz), que desenhará o futuro de Israel por muitas gerações. E Israel precisa de um governo estável e forte, um governo sionista e comprometido com Israel como o Estado nacional do povo judeu", disse o premiê.

Netanyahu tinha a previsão de se encontrar com Trump na semana que vem, na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, para discutir a aliança entre os dois países. Além de um plano de paz, haveria na mesa um plano de segurança mútuo entre os governos.

Porém, após a desvantagem apresentada nas urnas para Netanyahu, o premiê desistiu de viajar aos EUA, segundo confirmação de um oficial israelense.

Questionado se havia conversado com Netanyahu após a divulgação quase completa dos resultados, Trump disse que não. "Vamos ver o que acontece". / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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