COMBATES

Turcos avançam na Síria e dezenas de civis morrem nos ataques

Este foi o quinto dia de ofensiva turca, que já deixou mais de 60 civis mortos. Só neste domingo, o número de vítimas fatais passou de 25

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Publicado em 13/10/2019 às 19:21
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As tropas turcas avançaram território curdo adentro neste domingo (13), em uma série de ataques que lhes permitiu conquistar cidades e aldeias, mas que provocou a morte de dezenas de civis, assim como a fuga de centenas de famílias de jihadistas.

Os intensos combates continuam, em seu quinto dia de ofensiva da Turquia e de seus aliados sírios, que busca eliminar a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), considerada uma organização terrorista por Ancara e abandonadas por Washington, que já retirou mil soldados da região.

Diante desta escalada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou "uma retirada deliberada das forças americanas" no norte da Síria, anunciou o secretário de Defesa, Mark Esper, acrescentando que a cifra é inferior a 1.000.

Mas à noite, os curdos anunciaram ter alcançado um acordo com Damasco para o envio de tropas leais ao governo que os ajudem a enfrentar o ataque apoiado por Ancara.

"Para prevenir e enfrentar a agressão turca e impedir que prossiga, chegamos a um acordo com o governo sírio para que o exército se desloque ao longo da fronteira", disse a administração curda em um comunicado.

O ataque lançado na quarta-feira se concentrou inicialmente em uma faixa do território fronteiriço entre as cidades de Tal Abyad e Ras al-Ain, a 120 km de distância, no norte da Síria.

Neste domingo, as forças atacantes conquistaram Tal Abyad, segundo a agência turca Anadolu e o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). 

Agora só Ras al-Ain escapa das forças turcas que tinham se apoderado de 40 aldeias desde a quarta-feira, segundo o OSDH, que conta com uma ampla rede de informantes.

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Civis bombardeados

Em cinco dias, pelo menos 104 combatentes curdos e 60 civis morreram vítimas da violência - 26 deles no domingo -, segundo o OSDH. Além disso, provocou a fuga de 130.000 pessoas, segundo a ONU.

Das vítimas civis deste domingo, dez foram reportadas em um ataque aéreo contra um comboio que transportava civis e jornalistas.

"Estávamos no comboio de civis curdos atacados pelas forças turcas ou seus aliados em Ras Al Ain, nossa equipe está bem, mas há colegas que morreram", disse a jornalista Stéphanie Pérez, do grupo estatal France Television. 

As autoridades curdas anunciaram ainda quase 800 familiares de jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) de um campo de deslocados em combates no norte da Síria, onde forças curdas resistem à ofensiva.

Neste domingo, "785 membros estrangeiros do EI fugiram do campo de Ain Isa, indicou em um comunicado a administração semiautônoma curda, e informou que estes familiares de jihadistas "atacaram os guardas e abriram as portas".

"Todas as famílias do EI fugiram", informou à AFP um encarregado das autoridades curdas, Abdel Qader Muhahad. Este reportou "distúrbios" e a presença de "células adormecidas" de jihadistas no campo que se faziam passar por deslocados.

Com a guerra iniciada na Síria em 2011, a minoria curda instaurou uma autonomia de fato em vastas regiões do norte e do nordeste do país, ao longo da fronteira turca. Estas zonas são controladas pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança de combatentes dominada pelas YPG.

As FDS foram ainda um aliado imprescindível do Ocidente, especialmente dos Estados Unidos, na luta contra o EI na Síria. E as autoridades curdas advertiram reiteradamente que a ofensiva turca poderia provocar um ressurgimento do grupo, aproveitando um vácuo de segurança.

"Punhalada"

No front de Ras al Ain, mais ao leste, as forças curdas fizeram recuar os militares turcos e os combates prosseguem na periferia da cidade, segundo o OSDH.

Ancara anunciou a morte de quatro soldados sírios e 18 civis em ataques com foguetes lançados pelos curdos contra cidades turcas na fronteira.

A ofensiva turca começou dois dias depois de Washington anunciar a retirada de soldados das zonas da fronteira sírio-turca, em uma decisão que parecia dar luz verde ao ataque.

As FDS denunciaram uma "punhalada nas costas" e pediram aos Estados Unidos "assumir sua obrigação moral" e "fechar o espaço aéreo para a aviação turca".

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