O presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou nesta quinta-feira, 24, novas medidas para conter os protestos no país, que completaram uma semana. Entre as medidas, estão o relaxamento do toque de recolher em Santiago, o congelamento da tarifa de energia elétrica e um convite à Alta-Comissária para Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachellet, para visitar o país e analisar possíveis violações ocorridas na repressão aos protestos.
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Bachelet, que foi presidente do Chile antes de Piñera e pertencia à oposição, aceitou o convite e mandou uma equipe ao país natal nesta tarde. "Estou muito preocupada e triste de ver violência e morte no Chile", disse a comissária. "Peço ao governo que trabalhe com todos os setores para encontrar soluções e aos manifestantes que protestem pacificamente."
Ainda de acordo com a ex-presidente, a missão foi enviada ao Chile depois de um monitoramento feito pela ONU e depois do convite feito por Piñera. Ao menos 18 pessoas morreram, entre elas uma criança, desde o começo dos protestos no dia 18. Mais de 6 mil pessoas foram presas. Os protestos, no entanto, têm perdido força e se tornado menos violentos. Balanço do governo divulgado indica que na quarta-feira não houve mortes e 735 pessoas foram presas. No dia anterior, esse número foi de 979.
Em pronunciamento, Piñera prometeu um plano de normalização e disse que pretende que a situação no país se acalme nos próximos dias. "A intenção é avançar com prudência e terminar com os toques de recolher e retirar o estado de emergência", disse.
Os tumultos começaram na semana passada quando o governo anunciou um aumento equivalente a R$ 0,17 na tarifa do metrô de Santiago. Nos dias que se seguiram, os protestos evoluíram para queixas contra o sistema previdenciário, a jornada de trabalho e o alto custo de vida.
Para contornar a situação, Piñera cedeu e anunciou a criação de um sistema de renda universal de cerca de R$ 2 mil, o aumento do benefício para idosos e melhores condições para compra de medicamentos.
Nesta quinta-feira, o presidente também decidiu congelar o preço da tarifa de energia elétrica e revogou um aumento de 9,2% anunciado recentemente. Piñera admitiu que a série de medidas anunciadas não resolverão o grave problema de desigualdade social existente hoje no Chile, mas avaliou que os rumos que pretende tomar após a onda de protestos são adequados. "Sabemos que é um alívio importante que melhorará a qualidade de vida da população, mas isso vai requerer um esforço enorme do Estado, com redistribuição orçamentária e alguns sacrifícios", acrescentou.
O presidente prometeu mandar ao Congresso projetos de lei que contribuam para a diminuição da desigualdade no Chile. Ivan Flores, presidente da Câmara dos Deputados de maioria opositora, disse que os parlamentares descartarão um recesso planejado anteriormente para acelerar as reformas.
Apesar das concessões, milhares de pessoas se reuniram nesta quinta (24) na Plaza Italia para protestar contra o governo. O ato, no entanto, foi pacífico. Houve registros de protestos também em Valparaíso e Concepción. Ministro pede desculpas por mandar pessoas acordar mais cedo
"Humildemente, peço perdão"
Na quarta-feira (23), o ministro chileno da Economia, Juan Andrés Fontaine, pediu desculpa e colocou seu cargo à disposição depois de ter sugerido que as pessoas acordassem mais cedo para evitar a alta da tarifa do metrô em horários de pico. Quando a alta tarifária foi anunciada, em 8 de outubro, , Fontaine afirmou: "Quem sair mais cedo e pegar do metrô às sete da manhã tem uma tarifa mais baixa. Quem madrugar será ajudado ". Ainda na quarta, o discurso mudou. "Humildemente, peço perdão", afirmou. (Com agências internacionais)