Atualizada às 23h00
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, controlada pelos democratas, aprovou nesta quarta-feira (18) o impeachment do presidente Donald Trump por abuso de poder e obstrução ao Congresso. As duas acusações foram aprovadas por maioria simples. Agora, o processo segue para o Senado, onde o partido dele tem maioria. Enquanto o julgamento, previsto para janeiro, não acontece, o republicano permanecerá no cargo.
A reação de Donald Trump
Trump reagiu acusando os democratas de tentar "anular" sua vitória nas urnas, durante um comício em Michigan. "Estão consumidos pelo ódio" e "tentarão anular os votos de dez milhões de patriotas americanos".
Com a aprovação do impeachment pela Câmara, Trump se tornou o terceiro presidente da história americana a ser impugnado pela Casa. Antes dele, Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1999, acabaram absolvidos pelo Senado. Espera-se que o mesmo aconteça com Trump, já que os republicanos são maioria na Casa.
O Senado tem 100 congressistas, dos quais 53 são republicanos, 45, democratas e dois, independentes. Para que Trump perca o mandato, é preciso que um terço dos senadores - 67 - vote a favor do impeachment.
Os deputados votaram pela impugnação com base em dois artigos: abuso de poder e obstrução da investigação no Congresso.
O relatório final sobre o impeachment de Trump diz que o presidente "traiu o cargo" ao pressionar a Ucrânia para investigar adversários políticos em benefício próprio e que os supostos crimes praticados pelo presidente "colocam o país em risco".
No discurso que abriu a votação, o presidente da Comissão de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, disse que Trump "sacrificou a segurança nacional em um esforço para trapacear nas próximas eleições", o que justificaria a impugnação.
Segundo a deputada democrata Carolyn Maloney, de Nova York, as acusações contra Trump "são piores daquelas contra Nixon", presidente que chegou a ser acusado, mas renunciou antes que o processo fosse votado pela Câmara, em 1974.
O deputado republicano Barry Loudermilk, da Georgia, chocou diversos colegas ao comparar o inquérito do impeachment ao julgamento de Jesus, dizendo que Cristo teve mais direitos antes de sua crucificação do que Trump.
História de impeachment nos EUA
Em toda a história dos Estados Unidos, apenas dois presidentes foram julgados. Em 1868, Andrew Johnson; e Bill Clinton, em 1998; passaram pelo mesmo processo, mas ambos permaneceram no cargo. Já o republicado Richard Nixon, em 1974, envolvido no escândalo do Caso Watergate, renunciou antes de passar pelo processo de impeachment.