CORONAVÍRUS

Alemanha tem primeiro caso confirmado de coronavírus

O paciente está sob vigilância médica e em regime de isolamento

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Publicado em 27/01/2020 às 22:03
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A Alemanha registrou na região da Baviera (sul) o primeiro caso confirmado do coronavírus mortal que se propaga na China, anunciou nesta segunda-feira (27) o ministério da Saúde regional.

"Um homem da região de Starnberg está infectado com o novo coronavírus" e "foi posto sob vigilância médica e em regime de isolamento", anunciou um porta-voz do ministério em um comunicado. O paciente está "em boas condições em nível médico", informou o porta-voz sem entrar em detalhes. Seus familiares têm sido informados dos sintomas que podem surgir em caso de doença,  bem como sobre as precauções de higiene que devem tomar.

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A epidemia desta pneumonia viral matou 82 pessoas na China e 2.744 foram infectadas neste país, segundo o último balanço oficial de segunda-feira. O ministério da Saúde da Baviera não deu nenhuma informação sobre o homem, nem as circunstâncias nas quais possa ter se infectado.  Uma coletiva de imprensa está prevista para esta terça-feira (28), em Munique.

A Alemanha tonou-se, assim, o segundo país europeu afetado pelo coronavírus, depois dos três casos confirmados na França em 24 de janeiro. Os três pacientes, um em Bordeaux (sudoeste) e dois em Paris, tinham viajado recentemente à China. Berlim pediu na segunda-feira a seus cidadãos que evitem viagens desnecessárias à China. Também está considerando uma "possível evacuação", se quiserem, de seus cidadãos da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do vírus.

Transmissão

Os cientistas do Imperial College de Londres estimam que "em média, cada caso (de um paciente portador do novo coronavírus) infectou 2,6 pessoas a mais". 

Chamada de "taxa básica de reprodução" ou R0, essa medida é importante para entender a dinâmica de uma epidemia. 

No caso da Sars, estima-se que cada caso tenha infectado uma média de 2 a 3 pessoas (como a gripe), mas com grandes disparidades: havia "super transmissores" capazes de contaminar dezenas de pessoas. 

No caso do novo vírus, há uma pergunta crucial: em que estado de infecção o paciente se torna contagioso. "O contágio é possível durante o período de incubação", ou seja, antes mesmo que os sintomas apareçam, disse Ma Xiaowei, diretora da Comissão Nacional de Saúde da China, no domingo. "É muito diferente da Sars", insistiu. 

Essa hipótese, no entanto, baseia-se na observação de vários primeiros casos e ainda não está confirmada. 

"Se isso for incomum, terá um impacto mínimo na evolução da epidemia, mas se for frequente, será cada vez mais difícil de controlar", explica o virologista Jonathan Ball, da Universidade de Nottingham (Inglaterra). 

Acima de tudo, dado que o período de incubação pode ser prorrogado até duas semanas, segundo estimativas. Se essa hipótese for confirmada, "medidas como controle de temperatura nos aeroportos seriam ineficazes", disse a professora britânica Sheila Bird.

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Turistas chineses em Dempassar, na Indonésia - SONNY TUMBELAKA / AFP
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Pedestres usam máscaras durante feriado do Ano Novo Chinês, em Hong Kong - ANTHONY WALLACE / AFP
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Turistas chineses em Dempassar, na Indonésia - SONNY TUMBELAKA / AFP
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Casal usando máscaras no metrô de Hong Kong, na China - Anthony WALLACE / AFP
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Passageiros usando máscaras aguardam por trem na plataforma em Hong Kong - Anthony WALLACE / AFP
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Passageiros usando máscaras viajam em trem durante feriado de Ano Novo Chinês - Anthony WALLACE / AFP
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Homem usando máscaras sentado em um banco enquanto aguarda por trem - Anthony WALLACE / AFP
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Turista chinês usa máscara para se proteger do coronavírus em Dempanssar, na Indonésia - SONNY TUMBELAKA / AFP
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Passageiros usando máscaras aguardam por trem na plataforma em Hong Kong - Anthony WALLACE / AFP

Sintomas

A doença causada pelo novo coronavírus e a Sars apresentam sintomas comuns, de acordo com a observação dos 41 primeiros casos detectados na China. 

Todos os pacientes sofriam de pneumonia, quase todos tinham febre, três em cada quatro tossiam e mais da metade apresentava dificuldades respiratórias. 

Mas "existem diferenças notáveis com a Sars, como a ausência de sintomas que afetam as vias aéreas superiores (congestão nasal, dor de garganta, espirros)", diz o Dr. Bin Cao, principal autor desses trabalhos publicados na revista The Magazine Lancet.

A idade média dos 41 pacientes é de 49 anos, e menos de um terço sofreu doenças crônicas (diabetes, problemas cardiovasculares...). Quase um terço teve uma condição respiratória aguda e seis morreram. 

Embora não se possam tirar conclusões gerais devido aos poucos pacientes controlados do novo coronavírus, essas observações permitem elaborar um primeiro quadro clínico da doença - que já matou dezenas, principalmente na China - pois a nova infecção apresenta sintomas semelhantes aos da gripe de inverno, dificultando o diagnóstico. 

Não existe vacina ou medicamento para o coronavírus e a assistência médica é para tratar os sintomas.

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