De posse de documentos inéditos produzidos para o antigo Serviço Nacional de Informação (SNI) e o Ministério da Justiça, no regime militar, divulgados nesta segunda-feira (22) em coletiva à imprensa, a Comissão da Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara conseguiu conhecer os responsáveis materiais pelo trucidamento do Padre Antônio Henrique Pereira Neto, o Padre Henrique, auxiliar de Dom Helder Câmara, crime ocorrido há 43 anos.
São eles: o então estudante Rogério Matos do Nascimento, o menor Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues (17 anos na época, sobrinho de José Bartolomeu Lemos Gibson, promotor exercendo o cargo de delegado-diretor do Departamento de Investigação da SSP/PE), e os investigadores de polícia Rível Rocha (falecido) e Humberto Serrano de Souza. Este último, personagem que nunca havia sido relacionado ao crime, segundo a Comissão.
Após 43 anos do assassinato do religioso, os nomes são divulgados com base em informe confidencial ao chefe do SNI, em Brasília, general Carlos Alberto da Fontoura, datado de 30 de junho de 1970. Nele, o regime militar identificou como autores “jovens radicais da direita em co-autoria com investigadores da Polícia Civil de Pernambuco”. Há, também, a confirmação de que o crime teve motivação política, visando a atingir o arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Câmara, em razão da atuação social de Padre Henrique. O assassinato ocorreu em maio de 1969.
Os documentos, concluem a Comissão da Verdade Estadual, isentam de participação o investigador Henrique Pereira da Silva, o X-9 (falecido), sempre citado como um dos autores da morte do Padre Henrique, e mais as pessoas presas na ocasião.
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A Comissão da Verdade chegou à conclusão com base nos autos do processo de investigação conduzido pelo promotor José Ivens Peixoto, já falecido, que nunca fez a pronúncia dos acusados – devido à orientação do Ministério da Justiça e do SNI. Por agir para omitir a apuração real e os nomes dos verdadeiros autores, e impedir a pronúncia dos mesmos, são acusados pela Comissão como cúmplices do trucidamento o então ministro da Justiça, jurista Alfredo Buzaid (falecido), dois assessores jurídicos do Ministério e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), em razão da submissão e omissão do promotor José Ivens Peixoto.
Abaixo, documentos do SNI: