A presidente Dilma Rousseff (PT) disse nesta segunda-feira (8) não se incomodar com o movimento "volta, Lula", que pede que o ex-presidente se candidate em seu lugar este ano. "Todo mundo que apostou em algum conflito entre eu e o Lula errou. Tenho com o Lula uma relação fortíssima, pessoal", afirmou. "Eu apoiarei o Lula em qualquer circunstância. O que ele quiser fazer, eu apoiarei. Estarei com ele em todas as circunstâncias, não só em 2018."
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Sobre a reforma política, Dilma acrescentou que, "se for acabar com a reeleição, tem de dar mandato de 5 anos". A presidente argumentou que a população quer melhorias na representatividade e nas formas pelas quais campanhas são financiadas. "Só tem um jeito de fazer a transformação, se a população der poder para uma das posições", disse em sua participação na série Entrevistas Estadão. Ela afirmou também que pretende convocar um plebiscito sobre a reforma política em um eventual segundo mandato e disse ser contra a coincidência de todas as eleições. A petista afirmou que pretendia convocar o plebiscito já nos primeiros quatro anos de governo, mas houve "contestação política".
Em relação a atrasos nas obras do governo federal, como é o caso da transposição do rio São Francisco, Dilma afirmou que "só não atrasa obra de engenharia quem não faz" e justificou que a transposição exige diversas obras espalhadas por vários Estados para ser potencializada. Ela ressaltou ainda que, se o governo tivesse a experiência que tem hoje, a obra do São Francisco levaria cinco anos.
A presidente também falou de sua relação com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Ela afirmou que o País arrumou um "problema" relacionado à espionagem com vários governos. "Minha relação com Obama foi entre presidentes que perceberam um problema político sério. Ele percebia que o vazamento não era um questão banal", disse. Segundo Dilma, os dois países tratarão deste assunto depois das eleições.
Marina
Dilma também defendeu a propaganda eleitoral de sua campanha que comparou a candidata Marina Silva (PSB) aos ex-presidentes Fernando Collor e Jânio Quadros. Questionada se ela acreditava que Marina também não iria completar um mandato se eleita, a exemplo dos dois ex-presidentes, Dilma explicou que seu programa "não fez uma comparação pessoal". "Eu acho a Marina uma pessoa bem intencionada. Não estou fazendo uma comparação pessoal. O que eu fiz de comparação com o Jânio e o Collor é que ambos governaram sem apoio", explicou, durante a série Entrevistas Estadão. "Não estou falando da pessoa dela, mas de uma política que ela propõe."
A presidente destacou que quem escolhe o deputado e o senador não é a presidente. Segundo ela, todas as pessoas que acham que vão negociar com notáveis, que é possível governar sem partido, "geralmente ocorre alguma coisa muito perigosa". Ela voltou a criticar o discurso de Marina, que diz que governará "com os melhores" de todos os partidos. "Quem governa sem partido geralmente tem uma pessoa muito poderosa por trás, geralmente os mais ricos. Isto não é nova política, é a política que levou o País a um tipo de visão que a democracia pode ser feita apenas por uns poucos", afirmou. A presidente lembrou o tempo de ditadura, quando foi presa e torturada, e disse que "pagou um preço alto" pela democracia. "Acredito e não abro mão da democracia", afirmou.
Questionada se o aliado Collor não havia reclamado da exposição negativa, Dilma reforçou que "não falou da pessoa, eu falei de um governo", afirmou. Dilma disse ainda que são "dados históricos" que a falta de apoio no Congresso inviabilizou os dois governo. "Que o governo Collor não teve base de sustentação é um dado da história. Temos que perceber que acusação pessoal é muito profundo. Eu respeito o Collor, mas discordo das políticas. Por isto comecei falando que acho a Marina bem intencionada", afirma.