Presidência

Lula prepara volta, mas isolamento de Dilma preocupa

No diagnóstico de Lula, Dilma precisa sair do isolamento nos próximos quatro anos e se reaproximar dos políticos

Danilo Galindo
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Danilo Galindo
Publicado em 27/10/2014 às 11:25
Foto: NELSON ALMEIDA/AFP
No diagnóstico de Lula, Dilma precisa sair do isolamento nos próximos quatro anos e se reaproximar dos políticos - FOTO: Foto: NELSON ALMEIDA/AFP
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer concorrer ao Palácio do Planalto em 2018 e, para tanto, avalia que precisa ter maior protagonismo no segundo governo de Dilma Rousseff.

No diagnóstico de Lula, Dilma precisa sair do isolamento nos próximos quatro anos e se reaproximar dos políticos, dos empresários e dos movimentos sociais, sob pena de o PT enfrentar problemas para se manter no poder depois de mais quatro anos. Sábado, em São Bernardo do Campo, o ex-presidente chegou a falar em "lacerdismo".

A cúpula do PT chega ao fim da eleição dividida entre "lulistas" e "dilmistas" na disputa por espaço. Nos bastidores, porém, mesmo os mais próximos de Dilma afirmam que Lula é unanimidade no partido para a disputa de 2018, embora tenha sofrido reveses com as derrotas de seus afilhados em São Paulo e no Rio de Janeiro.

"Se Lula quiser ser candidato a qualquer coisa, terá o meu apoio e eu estarei a seu lado, como sempre estive em todas as campanhas, desde a de 1982, quando ele concorreu ao governo de São Paulo", afirmou o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. O ministro negou especulações de que esteja se movimentando para enfrentar Lula e disputar o Palácio do Planalto, em 2018.

"Isso é bobagem. Eu já cumpri minha missão e não disputarei mais nada se não houver reforma política e se as regras de financiamento de campanha não mudarem", afirmou Mercadante. "Lula é o candidato do coração da militância do PT e não há nenhuma discussão no partido que não seja a do nome dele."

Substitutos

Além de Mercadante, os nomes do governador da Bahia, Jaques Wagner, do governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, são citados como possíveis substitutos de Lula nas próximas eleições.

Para Jaques Wagner, antes de discutir 2018, o PT precisa ser reformado. Ao lembrar que desde o escândalo do mensalão, em 2005 o partido vem sofrendo sucessivo processo de desgaste, Wagner disse ser necessário se concentrar primeiro nas mudanças internas.

"Lula também quer discutir esse ódio que brotou contra o PT", comentou o governador. "O que aconteceu em São Paulo, por exemplo? Foi só que não conseguimos ter o desempenho esperado ou é o sucesso do tucanato lá?"

Na avaliação de Wagner, é "óbvio" que Lula é o candidato natural do partido na disputa de 2018. "Se ele disser 'eu topo' não tem discussão. Ele sempre será nossa reserva política e eleitoral", argumentou o governador da Bahia, ele próprio vítima da hostilidade antipetista quando deixava um restaurante com a família, em São Paulo, na semana passada.

A partir de fevereiro, o grupo mais próximo de Lula dará início aos preparativos para pavimentar o caminho do ex-presidente até 2018. "Agora é esperar a poeira da eleição baixar. No início do ano que vem vamos começar a trabalhar nisso", disse o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, outro que não tem dúvida de que Lula será candidato. "Ele não diz que topa, mas não diz que não topa. Então ele topa", concluiu Marinho.

Em público, Lula já deu várias declarações sobre a perspectiva de retornar ao Planalto. No ano passado, ao falar sobre o futuro do PT para uma plateia de aliados do Paraná, desabafou: "Se me encherem muito o saco, eu volto em 2018".

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