A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse nesta quarta (17) que "não há a menor segurança" de que o balanço do terceiro trimestre da empresa trará informações confiáveis sobre os descontos feitos no patrimônio atribuído a corrupção. Para Graça, isso não deve ocorrer nem nos próximos dois anos, devido às denúncias que ainda possam surgir.
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Graça e cinco dos seis diretores da estatal convidaram jornalistas para um café da manhã, em tradicional encontro de fim de ano com os profissionais. Durante a reunião, foram reapresentados números operacionais.
"Não há a menos segurança de que em 46 dias, 360, 730 dias, que virão todas as informações nessa amplitude. Nós vamos acompanhar todos os depoimentos da delação premiada. Estamos ansiosos pela delação do Barusco (Pedro Barusco, ex-gerente executivo que assinou delação premiada e topou devolver US$ 97 milhões desviados). Então, nós estamos trabalhando, aprofundando agora para que a gente possa fazer a avaliação do real valor do ativo."
Para Graça, Barusco e Venina Velosa da Fonseca, funcionária que segundo reportagem do "Valor Econômico" avisou a Petrobras sobre irregularidades, ajudarão a empresa com seus depoimentos. Venina deverá depor ainda nesta semana à Justiça Federal em Curitiba.
BALANÇO ADIADO - Sob o argumento de ocorrência de "novos fatos", em especial relacionados às denúncias reveladas na Operação Lava Lato, a Petrobras adiou de novo na sexta-feira (12) a divulgação de suas demonstrações financeiras do terceiro trimestre.
A empresa informara que apresentaria o balanço sem o aval dos auditores independentes.
O prazo para a apresentação das contas auditadas acabou em 14 de novembro, segundo as leis que regulam as empresas de capital aberto.
A Petrobras não conseguiu cumprir o prazo legal porque a PwC (PricewaterhouseCoopers), sua auditoria externa, recusou-se a assinar as demonstrações, depois das denúncias de corrupção reveladas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa à Justiça envolvendo gestores da empresa.
Para receber de novo o aval da PwC, a empresa está sendo obrigada a dar baixa de valores acrescentados a seus ativos atribuídos a pagamento de propina. Mas ainda não há data para que as contas auditadas sejam apresentadas.
A divulgação sem aval de auditoria atenderia à exigência de alguns contratos com credores, o que tinha como prazo o dia 30. Caso não conseguisse, vencimentos de dívidas seriam antecipados. Foi negociada com credores nova data como limite para essa apresentação --31 de janeiro.
Já as demonstrações auditadas devem ser apresentadas até novembro de 2015.
INFORMAÇÕES DIVULGADAS - A companhia divulgou na sexta-feira só algumas informações, sem revelar lucro e geração de caixa, que medem sua saúde financeira. A receita de vendas cresceu 7%, de R$ 82,3 bilhões no segundo trimestre, para R$ 88,4 bilhões no terceiro. Em nove meses, o avanço foi de 9%, de R$ 223,8 bilhões para R$ 252,2 bilhões.
O crescimento, diz a empresa, foi resultado de maior exportação de petróleo e do aumento na demanda por derivados, no mercado interno. Entre julho e setembro, o preço do petróleo caiu quase 14%, de US$ 110 para US$ 95.
Ponto de preocupação do mercado, a dívida cresceu 8% em três meses, de R$ 241,3 bilhões para R$ 261,4 bilhões.
A Petrobras citou, como determinantes do adiamento, a denúncia do Ministério Público Federal contra 36 pessoas supostamente envolvidas no escândalo, a citação da empresa em ação coletiva, movida por minoritários nos EUA, e os depoimentos de ex-dirigentes da Toyo Setal em delação premiada.
A empresa também alegou o fato de ter recebido notificação sobre investigação em andamento na SEC (órgão regulador do mercado de capitais americano).