Lava Jato

Câmara tratará cassações da Lava Jato com naturalidade, diz Eduardo Cunha

Um dos pivôs do esquema de corrupção, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que entregou cerca de 30 políticos

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Publicado em 23/12/2014 às 11:59
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Um dos pivôs do esquema de corrupção, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que entregou cerca de 30 políticos - FOTO: Foto: Reprodução/Internet
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Apontado como favorito na disputa para comandar a Câmara dos Deputados em 2015, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), afirmou nesta terça-feira (23) que os eventuais processos de cassação de congressistas envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras não dependerão do novo comando da Casa.

O peemedebista disse que, se eleito, tratará os processos de quebra de decoro com "naturalidade" para dar o tamanho que a crise merece, seguindo o regimento. Um dos pivôs do esquema de corrupção, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que entregou cerca de 30 políticos.

"Não depende do presidente da Casa cassar ou impedir a cassação. Ele cumpre o regimento. O regimento tem um rito para isso. Não dependerá do presidente. Não tem como fugir, é uma questão regimental", disse o peemedebista em conversa com jornalistas.

O líder afirmou ainda que a possível investigação no STF não caracterizará a quebra de decoro parlamentar. Os pedidos de perda de mandato podem ser apresentados por partidos políticos no Conselho de Ética.

"Aqui no Parlamento discute quebra de decoro. Não é porque tem suspeita de ilícito penal que tem quebra de decoro automaticamente. Se fosse assim, toda abertura de inquérito ou denúncia no Supremo [seria]. Tem várias em andamento e não tem representação partidária [na Casa pedindo cassação]. Então, tem que olhar o que é quebra de decoro parlamentar e não é", afirmou.

O deputado afirmou que vê com preocupação essa tentativa de criminalizar doações legais. "A criminalização de doação eleitoral é perigoso".

O deputado disse que não tem tratado desse tema durante sua campanha com os colegas e que isso não representa uma plataforma de campanha.

No início do mês, a Câmara cassou o mandato de André Vargas (ex-PT-PR) por ligação com o doleiro Alberto Yousseff, um dos presos por envolvimento no esquema de corrupção.

Cunha disse que conhecia um dos principais investigados na Operação Lava Jato, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. Ele afirmou, no entanto, que não há imagens dele entrando na liderança do partido. A Folha de S.Paulo mostrou que o lobista esteve pelo menos nove vezes na Câmara, com a maioria das entradas registrada no edifício principal.

"Não estou dizendo que não o conhecia, que não o recebi. Todo mundo sabe que todo mundo entra aqui [na liderança]", afirmou. O líder, porém, disse que não pode permitir a tentativa de estabelecer uma ligação dele com o Baiano e que trata isso com repulsa.

DISPUTA

Cunha briga pelo cargo mais alto da Câmara com o atual vice-presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Ele afirmou que espera vencer no primeiro turno.

Questionado se tem enfrentado resistência do Planalto ao seu nome, ele negou. O peemedebista afirmou ainda que com os três nomes oficializados na corrida ficaram estabelecidos o campo político em jogo: Chinaglia representaria a "submissão ao governo" e Júlio Delgado o da "oposição". "Eu sou a independência da Casa", afirmou.

O peemedebista tem feito uma campanha típica de prefeito, visitando bases, reunindo prefeitos, governadores e as bancadas.

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