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Governador petista quer réu do mensalão tucano na Fazenda

O economista José Afonso Bicalho, 66, é o nome preferido de Fernando Pimentel para comandar a área econômica

Da Folhapress
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Publicado em 26/12/2014 às 14:20
Foto: Manoel Marques/ Pimentel
O economista José Afonso Bicalho, 66, é o nome preferido de Fernando Pimentel para comandar a área econômica - FOTO: Foto: Manoel Marques/ Pimentel
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O governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), quer nomear para a Secretaria da Fazenda um dos réus no processo do mensalão tucano, que tramita na Justiça mineira.

O economista José Afonso Bicalho, 66, é o nome preferido do petista para comandar a área econômica do governo que começa no próximo dia 1º de janeiro.

Na gestão do governador do PSDB Eduardo Azeredo (1995-1998), pivô do mensalão tucano, Bicalho presidiu o banco estatal Bemge, privatizado no governo do tucano.

Depois, foi secretário da Fazenda do próprio Pimentel, de 2006 a 2008, quando o petista esteve à frente da Prefeitura de Belo Horizonte, e seu assessor econômico no gabinete ministerial.

Bicalho trabalhou no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior por cerca de um ano, de 2013 até o primeiro semestre deste ano, contratado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Petistas e assessores ligados ao governador eleito dão como certa a indicação do economista. Segundo eles, o governador não quer abrir mão de seu assessor econômico, mesmo sabendo que poderá ser criticado pela nomeação de um réu do mensalão tucano.

Bicalho já foi titular da secretaria da Fazenda de Minas, em 1994, na gestão Hélio Garcia (do extinto PRS).

O secretariado deve ser anunciado na última semana de dezembro. Na sexta-feira passada (19), Pimentel disse que alguns nomes poderão ser revelados apenas depois da posse, mas não especificou as pastas.

DENÚNCIA - Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, Bicalho, na condição de presidente do Bemge, seria o responsável pela transferência de R$ 500 mil (R$ 1,4 milhão, corrigido pela inflação) para a agência de Marcos Valério de Souza --preso pelo mensalão do PT--, a título de patrocínio de um evento esportivo.

A denúncia diz que ao menos R$ 3,5 milhões (R$ 9,7 milhões, corrigidos) teriam sido desviados de empresas estatais, inclusive do Bemge, para a fracassada campanha pela reeleição de Azeredo. O patrocínio esportivo seria só uma fachada.

Ao proferir seu voto na aceitação da denúncia do mensalão tucano no STF (Supremo Tribunal Federal), quando Azeredo ainda gozava de foro privilegiado, o ex-presidente da Suprema Corte Joaquim Barbosa citou a participação do Bemge.

"Aliás, no caso do Bemge, o patrocínio [esportivo] foi prestado dias antes da privatização do banco. É mais um indício de que não se justificava, aparentemente, o interesse estatal na propaganda da marca", disse Barbosa.

Bicalho responde pelo crime de peculato. Ele sempre negou ter praticado irregularidades e até mesmo participação em um suposto esquema para favorecer a campanha de Azeredo.

Azeredo também nega as acusações feitas pelo Ministério Público.

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