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''Recebi US$ 1,5 mi para não atrapalhar compra de refinaria'', diz ex-diretor da Petrobras

É a primeira vez que um ex-integrante da Petrobras admite que houve propina no fechamento do negócio

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Publicado em 22/01/2015 às 19:25
Tânia Rêgo/ Agência Brasil
É a primeira vez que um ex-integrante da Petrobras admite que houve propina no fechamento do negócio - FOTO: Tânia Rêgo/ Agência Brasil
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O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa revelou à Polícia Federal que recebeu do lobista Fernando Baiano, descrito como operador do PMDB, um total de US$ 1,5 milhão para "não causar problemas" em uma reunião que iria definir a compra, pela Petrobras, de uma refinaria em Pasadena, nos EUA.


É a primeira vez que um ex-integrante da Petrobras admite que houve propina no fechamento do negócio que gerou muita polêmica e foi questionado por diversas áreas de controle, como a CGU e o TCU.

Segundo o próprio delator, o valor foi depositado em seu favor entre 2007 e 2008 em uma conta no paraíso fiscal de Liechteinstein, onde esteve em viagem com Fernando Baiano.

Costa ficou em dúvida, mas disse acreditar que "este valor tenha sido bancado pela própria Astra Petróleo".

A revelação consta de um dos termos de depoimento prestados por Costa no acordo de delação premiada fechada com o Ministério Público Federal. No documento, o ex-diretor disse que "havia boatos na empresa de que o grupo de Nestor Cerveró, incluindo o PMDB e Fernando Baiano, teria dividido entre 20 e 30 milhões de dólares, recebidos provavelmente da Astra".

A Astra era a sócia da Petrobras em Pasadena. Depois de divergências sobre os rumos do negócio, a empresa estrangeira processou a estatal para fazer valer uma cláusula do contrato que obrigava a Petrobras a adquirir a parte que lhe cabia na parceria.

O ex-diretor contou que havia dúvidas sobre a viabilidade do negócio, que importaria um investimento, pela Petrobras, de US$ 1 bilhão ou US$ 2 bilhões. Mesmo assim, o negócio foi aprovado "por unanimidade" pelos dirigentes da estatal, incluindo o ex-presidente Sergio Gabrielli.

Costa revelou ainda que Fernando Baiano "tinha uma boa circulação entre todos os partidos, por exemplo, seu amigo José Costa Marques Bumlai era uma pessoa muito ligada ao PT".

Segundo o ex-diretor da Petrobras, Baiano tinha também proximidade com o presidente da holding empreiteira Andrade Gutierrez, Otavio Azevedo. Costa confirmou que havia um esquema de pagamento de propina na Diretoria Internacional, chefiada por Nestor Cerveró. Ele relacionou a empreiteira Andrade Gutierrez como uma das empresas que fazia pagamento ilegais.

"Cerveró tinha em Fernando Soares o operador que cuidaria de viabilizar a entrega da parte devida ao PMDB; [...] em certo momento os valores devidos como propina por esta empreiteira passaram a ser cobrados e geridos por Fernando Soares."


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