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Paulo Roberto Costa diz ter recebido US$ 23 mi de propina da Odebrecht

Segundo ex-diretor da Petrobras, o dinheiro foi pago para a empresa conquistar contratos da estatal

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Publicado em 27/01/2015 às 20:11
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Segundo ex-diretor da Petrobras, o dinheiro foi pago para a empresa conquistar contratos da estatal - FOTO: Foto: ABr
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O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa contou em um depoimento feito em acordo de delação premiada que recebeu US$ 23 milhões (o equivalente a R$ 59,3 milhões hoje) da Odebrecht por meio de um doleiro do Rio de Janeiro chamado Bernardo Freiburghaus.

A propina foi paga para a empresa conquistar contratos da Petrobras em 2009, ainda de acordo com o executivo. Nesse ano, vários aditivos da construção da refinaria Abreu e Lima foram assinados com a empreiteira.

A Odebrecht nega com veemência que tenha pago propina ao ex-diretor da Petrobras para conseguir contratos com a petroleira.

Foi a empreiteira, segundo Costa, que pediu a ele abrir as contas na Suíça que seriam abastecidas pelo doleiro.
A sugestão para abrir contas do exterior, ainda de acordo com o ex-diretor da estatal, partiu de Rogério Araújo, diretor da Odebrecht Plantas Industriais.

O executivo disse que o doleiro foi indicado porque já tinha negócios na Suíça.

O depoimento de Costa sobre a Odebrecht estava no Supremo Tribunal Federal e foi devolvido à Justiça do Paraná no último dia 21.

Costa já havia citado o nome de Araújo em depoimento prestado à Justiça como um dos seus contatos na Odebrecht.

Em depoimento da delação, Costa afirmou que o diretor da Odebrecht teria dito a seguinte frase para ele quando sugeriu abrir as contas na Suíça: "Paulo, você é muito tolo, você ajuda mais os outros do que a si mesmo". Os outros, segundo o relato feito pelo ex-diretor, eram políticos.

Costa disse que o PT ficava com 2% do valor dos contratos da diretoria de Abastecimento e o PP, com 1%.

O executivo disse ter aberto quatro contas na Suíça, nos seguintes bancos: Royan Bank of Canadá, Banque Cremer, Banque Pictec e PBK. Costa disse ter criado empresas offshore em seu próprio nome para operar as contas. Posteriormente os US$ 23 milhões foram redistribuídos em 12 contas.

Os pagamentos foram feitos pela Odebrecht entre 2008 e 2009, ainda de acordo com o ex-diretor. Os depósitos eram feitos a cada dois, três meses pelo doleiro da Diagonal Investimentos Agente Autônomo Ltda. A empresa funciona em uma sala no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro.

A Folha de S.Paulo revelou em 2 de outubro que Costa contara aos procuradores ter recebido US$ 23 milhões de suborno da Odebrecht na Suíça.

Costa ocupou a diretoria de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, nos governos de Lula e Dilma Rousseff. Dilma demitiu-o quando sua fama de operador político na Petrobras começou a crescer.
Costa foi indicado ao cargo pelo PP, mas depois ganhou o apoio do PT.

O executivo foi o primeiro investigado da Operação Lava Jato a fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, depois de ter sido preso pela segunda vez, porque escondera da Polícia Federal as contas que tinha na Suíça.

Pelo acordo, Costa se compromete a devolver cerca de R$ 90 milhões, entre os quais os US$ 23 milhões que estavam bloqueados na Suíça. Em troca, ele deixou a custódio da PF em Curitiba e cumpre prisão domiciliar em sua casa, no Rio.

A Odebrecht ainda não foi alvo de medidas judiciais porque os procuradores da Operação Lava Jato estão esperando chegar provas da Suíça sobre o suposto depósito de US$ 23 milhões.

OUTRO LADO
Em nota, a empreiteira refuta que tenha havido pagamento de suborno: "A Odebrecht nega veementemente as alegações caluniosas feitas pelo réu confesso e ex-diretor da Petrobras. Nega em especial ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer executivo ou ex-executivo da estatal".

O diretor da empresa, Rogério também nega ter "feito, intermediado ou mandado fazer qualquer pagamento ilegal ao delator".

Segundo ele, a versão de Costa sobre o suborno é fruto "de uma questionável delação premiada e ilegal vazamento, fatos que impedem qualquer manifestação".

A reportagem não conseguiu localizar Bernardo Freiburghaus no seu escritório nem em sua casa no Rio.

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