Corrupção

Tesoureiro do PT é levado para depor em nova fase da Operação Lava Jato

Agentes estão cumprindo 62 mandados nos Estados de São Paulo, Rio, Bahia e Santa Catarina

Do JC Online
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Publicado em 05/02/2015 às 8:37
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Agentes estão cumprindo 62 mandados nos Estados de São Paulo, Rio, Bahia e Santa Catarina - FOTO: Foto: Reprodução/Internet
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Atualizada às 09h57

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (5) mais uma etapa da Operação Lava Jato. Os agentes estão cumprindo 62 mandados -um de prisão preventiva, no Rio, três de temporária, em Santa Catarina, 18 conduções coercitivas e 40 de busca e apreensão.

A ação está ocorrendo ao mesmo tempo nos Estados de São Paulo, Rio, Bahia e Santa Catarina. Segundo a PF, a nova fase é dividida em duas partes. Uma delas investiga a BR Distribuidora e o pagamento de propina por parte de empresas de Santa Catarina. A outra parte, investiga operadores de lavagem de dinheiro vinculados a dirigentes da Petrobras, envolvendo 11 operadores.

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que mora em São Paulo, é um dos alvos dos mandados de condução coercitiva -quando a pessoa é levada até a delegacia para prestar depoimento. Ele foi levado pela PF para depor.

Com Vaccari, a polícia espera obter informações sobre empréstimos solicitados por ele a pessoas que mantinham contrato com a Petrobras. "Nem sempre essas doações passam pelo caminho legal", afirmou o procurador Carlos Fernando Lima.

Duas pessoas foram presas, ambas em Santa Catarina. Um terceiro alvo está no exterior e deve retornar ao Brasil ainda nesta quinta. O quarto não foi localizado.

A PF também faz busca e apreensão na sede da GDK, empresa de engenharia fornecedora da Petrobras. A empresa, que tinha a estatal como principal cliente, entrou em recuperação judicial.

A GDK constrói dutos e instalações industriais. Em 2005 a direção da GDK foi acusada de dar um Land Rover, avaliado em R$ 73,5 mil, para o então secretário-geral do PT, Silvio Pereira. O episódio foi investigado pela CPI dos Correios.

"Esta fase é fruto da análise de documentos e contratos apreendidos anteriormente pela PF. Também contribuíram para esta nova etapa da operação as informações oriundas da colaboração de um dos investigados, além da denúncia apresentada por uma ex-funcionária de uma das empresas investigadas", informou a Polícia Federal.

Nesta fase são investigadas 26 empresas -segundo a PF, a maioria de fachada- e 22 pessoas. Uma das empresas, de Santa Catarina, fabrica tanques de combustível e caminhões-tanque.

A BR Distribuidora também é investigada.

CONFIRA OS MANDADOS POR ESTADO

SP - 10 mandados de busca e 2 de condução coercitiva (todos na capital)

RJ - 12 mandados de busca, 8 de condução coercitiva e 1 de prisão preventiva (todos na capital)

BA - 2 mandados de busca e 1 de condução coercitiva (todos na capital)

SC - 16 mandados de busca, 7 de condução coercitiva e 3 de prisão temporária nas seguintes cidades:

- Itajaí: 8 mandados de busca, 5 de condução coercitiva e 2 de prisão temporária

- Balneário Camboriú: 3 mandados de busca, 1 de prisão temporária e 1 de condução coercitiva

- Piçarras: 2 mandados de busca

- Navegantes: 1 mandado de busca e 1 mandado de condução coercitiva

- Penha: 1 mandado de busca

- Palmitos: 1 mandado de busca

Esta fase da operação foi batizada de "May Way". É com o título desta canção de Frank Sinatra que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que colabora com as investigações, se refere a Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal.

Fases anteriores da Lava Jato resultaram nas prisões dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró, e de altos executivos de importantes empreiteiras do país.

POSTO DE COMBUSTÍVEL

Com início em um posto de gasolina -de onde surgiu seu nome-, a Operação Lava Jato, deflagrada em março de 2014 investiga um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos.

Uma das primeiras prisões foi a do doleiro Alberto Youssef, 47. Criado em Londrina, foi vendedor de pastel e contrabandista de eletrônicos do Paraguai antes de aprender o ofício de doleiro. Foi preso nove vezes. Uma delas, pela participação no chamado caso Banestado, maior escândalo já investigado no Brasil sobre remessas ilegais de dinheiro.

Três dias depois, houve a prisão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras. Costa era investigado pelo Ministério Público Federal por supostas irregularidades na compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. Ele passou a ser investigado pela PF após ganhar, em março de 2013, um carro de luxo de Youssef.

Tanto Costa quanto Youssef assinaram com o Ministério Público acordos de delação premiada para explicar detalhes do esquema e receber, em contrapartida, alívio das penas.

Em seu depoimento, o ex-diretor da Petrobras afirmou que havia um esquema de pagamento de propina em obras da estatal, e que o dinheiro abastecia o caixa de partidos como PT, PMDB e PP.

No final de outubro, Julio Camargo, da empresa Toyo-Setal, fechou acordo de delação premiada com procuradores. É o primeiro executivo a fazê-lo. Uma semana depois, outro executivo da empresa, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, também assinou uma delação.

No dia 14 de novembro, a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Lava Jato, que envolveu buscas em grandes empreiteiras como a Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht, além de outras sete companhias.

As empresas envolvidas têm contratos de R$ 59 bilhões com a Petrobras.

As denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal foram acatadas e a Justiça Federal tornou réus 39 pessoas.

 

O juiz federal do Paraná Sérgio Moro é responsável pelas ações penais decorrentes da Lava Jato nos casos que não envolvem políticos -que possuem foro privilegiado e, por isso, são investigados pelo Supremo Tribunal Federal. O magistrado é referência no julgamento de crimes financeiros.

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