Investigação

Ministério Público investiga Bendine

Ex-motorista de Bendine presenciou o presidente do BB sair de um prédio comercial em São Paulo, ocupado por empresas ligadas ao grupo da TV Record, com uma sacola repleta de maços de notas de R$ 100

Da Folhapress
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Publicado em 06/02/2015 às 15:48
Foto: Wilson Dias/ABr
Ex-motorista de Bendine presenciou o presidente do BB sair de um prédio comercial em São Paulo, ocupado por empresas ligadas ao grupo da TV Record, com uma sacola repleta de maços de notas de R$ 100 - FOTO: Foto: Wilson Dias/ABr
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O nome escolhido pela presidente Dilma Rousseff para limpar a Petrobras, o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, é alvo de um procedimento de investigação no Ministério Público Federal.

O procedimento foi instaurado a partir do depoimento do ex-motorista da Presidência da República Sebastião Ferreira da Silva. Ferreirinha, como é conhecido, dirigiu para a campanha de Lula em 2002 e depois foi contratado pelo escritório da Presidência em São Paulo, onde ficou por quatro anos. Em seguida, Ferreirinha passou a dirigir para Bendine, no BB, por quase seis anos.

O procedimento ainda está em curso. Segundo a reportagem apurou, os procuradores já fizeram várias diligências no caso, como solicitar documentos ao BB.

Ferreirinha disse ao Ministério Público que presenciou Bendine sair de um prédio comercial em São Paulo, ocupado por empresas ligadas ao grupo da TV Record, com uma sacola repleta de maços de notas de R$ 100.

Também contou que recebeu ordens para fazer diversos pagamentos com altas quantias em dinheiro vivo, sempre entregues a ele dentro do BB, pelo próprio Bendine. O executivo nega as acusações.

Conforme a Folha de S.Paulo revelou no ano passado, Bendine foi autuado pela Receita Federal por não comprovar a origem de aproximadamente R$ 280 mil de seu patrimônio informados em sua declaração do Imposto de Renda.

O caso também motivou a investigação da Procuradoria.

Ele entrou no radar da Receita em 2010, após comprar no interior paulista um apartamento avaliado em R$ 200 mil, pago em dinheiro vivo. Para se livrar da fiscalização do fisco e de futuros questionamentos, pagou o auto sem qualquer questionamento. Como pagou à vista, teve um desconto, tendo desembolsado ao final R$ 122 mil.

VAL MARCHIORI

Outro ponto investigado pelo Ministério Público é o empréstimo de R$ 2,7 milhões concedido à apresentadora de TV Val Marchiori pelo BB, a partir de uma linha subsidiada pelo BNDES, contrariando normas internas das duas instituições.

Marchiori tinha restrição de crédito por não ter pago empréstimo anterior ao Banco do Brasil e também por não apresentar capacidade financeira para obter o financiamento, segundo documentos internos do BB obtidos pela Folha de S.Paulo.

Val Marchiori é amiga de Bendine. A apresentadora esteve com ele em duas missões oficiais do banco, uma na Argentina e outra no Rio. Nas duas ocasiões, os dois ficaram hospedados nos mesmos hotéis: primeiro no Alvear, em Buenos Aires, e depois no Copacabana Palace, no Rio.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-motorista Ferreirinha disse que buscava Marchiori em diversos locais de São Paulo a pedido de Bendine. "Fui buscar muitas vezes a Val Marchiori", disse ele.

Bendine nega qualquer participação na concessão do empréstimo. Ele reconhece que ficou hospedado nos mesmos hotéis que Marchiori nas duas ocasiões, mas diz que a estadia dela não tinha relação com as missões do banco, que foram coincidências.

A empresa pela qual Marchiori tomou o crédito, a Torke Empreendimentos, apresentou como comprovação de receita a pensão alimentícia de seus dois filhos menores de idade. O financiamento, repassado pelo BB a partir de uma linha do BNDES com juros de 4% ao ano -mais baixos que a inflação-, foi usado na compra de caminhões.

A Torke não tinha experiência na área de transportes e a atuação da empresa até então estava relacionada à carreira de Marchiori na TV.

Na condição de administradora com poderes plenos na empresa, Marchiori tinha dívidas antigas com o BB que representavam impedimento para o novo empréstimo. Por isso, foi feita uma "operação customizada", ou seja, sob medida para Marchiori, para liberar os recursos.

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