A Polícia Federal no Rio de Janeiro apreendeu na casa do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, na manhã desta segunda-feira (16), 131 obras de arte. Segundo a reportagem apurou, há quadros de artistas brasileiros valorizados, como Guignard, Djanira e Heitor dos Prazeres. A coleção de telas de Guignard era de cerca de dez peças.
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A PF afirmou que o grande número de peças acabou aumentando o tempo do trabalho de buscas dos agentes pela manhã, já que foi preciso "seguir o padrão" para recolhê-las.
"Tudo que foi apreendido hoje pela manhã vai ser trazido para Curitiba. Provavelmente terão o mesmo destino das demais", disse o procurador da República Roberson Pozzobon.
Desde janeiro, obras de artistas como Salvador Dalí e Romero Britto, apreendidas ao longo da Operação Lava Jato, foram encaminhadas para exposição no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.
Segundo o procurador, também foram recolhidas obras de arte nesta segunda-feira na casa de Adir Assad, também preso nesta segunda-feira e suspeito de ser um dos operadores do envio para o exterior de dinheiro originado de propinas.
O Ministério Público Federal não deu estimativas sobre os valores das peças apreendidas com Duque.
"São muitas obras na residência de Renato Duque e dificilmente justificável [a posse], mesmo sendo um alto executivo da Petrobras", afirmou o delegado Igor Romário de Paula.
PRISÃO
Duque e Assad foram presos na décima fase da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.
O novo pedido de prisão do ex-diretor foi baseado em informações levantadas pelas investigação de que ele estava movimento no exterior o dinheiro obtido de maneira ilegal. Segundo a PF, a movimentação ocorreu no fim do ano passado, após ele sair de um período na prisão.
A PF afirmou que ele transferiu dinheiro de contas mantidas no exterior para contas no principado de Mônaco.
Um total de 20 milhões de euros (cerca de R$ 68 milhões) foi bloqueado por autoridades de Mônaco, segundo decisão do juiz Sergio Moro, que decretou as prisões.
"Dentre os países remetentes de recursos para as contas de Duque em Mônaco entre 2009 e 2014 pode-se citar: Suíça, Hong Kong, Bahamas, Estados Unidos, Panamá, Portugal dentre outros. Isso demonstra que o ex-diretor certamente possui disponibilidade financeira em diversos outros países e continuou a reiterar a prática delitiva de lavagem transnacional de dinheiro, mesmo depois da investigação ter sido iniciada, demonstrando também inequívoco propósito de dificultar o encontro de provas", diz o Ministério Público.
O Ministério Público Federal considerou que havia grave risco ao procedimento de recuperação desse dinheiro caso o ex-diretor permanecesse em liberdade.
A defesa do ex-diretor disse que ele não transferiu o dinheiro. "A história dessas contas é muito estranha, eu não tenho conhecimento disso, acho que não aconteceu", afirmou.