O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou na segunda-feira (16) que as manifestações ocorridas domingo (15) e sexta-feira (13) foram "exitosas" para mostrar o desejo por mudanças e defendeu que seja pautada a taxação de grandes fortunas como uma das medidas em resposta às ruas.
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Guimarães, porém, ressaltou que a proposta da taxação é uma opinião pessoal dele, e não do governo, e que ainda não conversou com a presidente Dilma Rousseff sobre o assunto.
"Eu penso que nós temos que avançar, é opinião minha, na taxação, algum tipo de tributo, para as grandes fortunas, as grandes heranças e aqueles grandes rentistas no exterior", afirmou.
Citando a proposta de ajuste fiscal que tramita no Congresso, o petista afirmou que o governo tem que preservar os direitos dos trabalhadores e do setor produtivo, que produz e gera emprego, e "avançar na direção que, aliás, todas as democracias modernas do mundo estão tomando".
"Nós não temos como dar perenidade e qualidade nas políticas públicas de diversas áreas se não tivermos novos financiamentos", declarou.
Em entrevista à imprensa para comentar a repercussão dos protestos, o líder do governo disse que "não temos que ficar atordoados" por causa disso e defendeu dialogar com as ruas e com a oposição. Para ele, são necessárias mudanças políticas e econômicas.
"As ruas estão sinalizando mudança. Eu sou líder do governo e o governo tem que mudar mesmo. Tem que fazer mudanças importantes porque esse ciclo pra mim está encerrado. Seria um recomeço, eu diria pra vocês", afirmou.
Como parte dessas alterações, Guimarães citou a necessidade de aprovação de uma reforma política, com fim do financiamento empresarial das campanhas, e o pacote anticorrupção que deve ser enviado pela presidente ao Congresso.
Com medidas anticorrupção prometidas por Dilma desde junho de 2013 mas sem sair do papel, Guimarães minimizou o atraso no pacote: "Vai encaminhar agora. Antes tarde do que nunca."
O líder também repetiu o discurso dos ministros de que o momento é de "humildade". "Qualquer governo, seja ele federal ou estadual de qualquer parte do mundo, comete erros".
Sobre as denúncias da Operação Lava Jato acusando o PT de se beneficiar de pagamentos de propina, Guimarães não quis comentar, mas afirmou que é momento de o partido fazer mudanças internas e se reaproximar dos movimentos sociais.
DILMA
A presidente Dilma Rousseff deu na segunda-feira (16) suas primeiras declarações públicas após as manifestações de domingo e afirmou que, no Brasil, "a corrupção é uma senhora idosa". Dilma argumentou que a corrupção no governo é anterior à chegada do PT ao poder.
Dilma prontificou-se a dialogar com todos os setores da sociedade, mas esclareceu que não pode obrigar ninguém a conversar com o governo.
A pauta da corrupção foi central nos protestos de domingo, o que fez o governo procurar respostas para dissipar o mau humor em alguns estratos. Mas, na agenda interna, a presidente renovou apenas uma promessa de campanha: lançar, possivelmente esta semana, um pacote anticorrupção com foco na redução da impunidade.