A bancada do PMDB na Câmara definiu que dará prioridade a medidas que estimulem a economia, inclusive sobre o pacote anticorrupção apresentado pela presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (18).
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Apesar da disposição em votar o ajuste fiscal, o que ajudará o governo a recuperar parte da economia do país, o PMDB resgatará uma proposta de emenda à Constituição que limita o número de ministérios a 20. Existem 39 ministérios atualmente na estrutura do governo.
A sigla também pedirá que Dilma vete a triplicação de recursos para o fundo partidário.
"Já temos leis anticorrupção no país, tanto é que já temos pessoas sendo punidas. A questão do ajuste econômico é algo que precisa ser feito de imediato. Afinal, temos uma crise econômica em marcha no país. Essa é a primeira prioridade, mas não que não seja importante votar o pacote anticorrupção", afirmou o líder da legenda, Leonardo Picciani (PMDB-RJ).
"O país não pode parar. A vida não para para que se investigue corrupção. Ela tem que ser investigada no dia a dia", completou. O pacote anticorrupção foi apresentado como uma primeira resposta do governo às manifestações de rua realizadas no fim de semana.
O projeto de redução do número de ministérios foi apresentado pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em 2013, quando era líder do PMDB, e estava parado. Agora, a sigla pedirá que ele volte a tramitar. Segundo Picciani, a proposta será colocada em votação na Comissão de Constituição e Justiça da Casa na próxima semana. Se for aprovado, passará pela análise de uma comissão especial e pelo plenário da Câmara.
O deputado reclama que o governo está impondo as restrições econômicas à população e está exigindo que o Congresso segure a pauta negativa sem demonstrar onde está "cortando na própria carne". "A PEC é a proposta do PMDB para que se tenha o compromisso de todos os setores do governo, de todos os poderes e de toda a sociedade", disse.
FUNDO PARTIDÁRIO
Após reunião da bancada da legenda na manhã desta quinta-feira (19), os peemdebistas também definiram que irá pedir à Dilma para que ela vete o aumento de recursos para o Fundo Partidário incluído no Orçamento de 2015.
O texto foi aprovado pelo Congresso na última terça-feira (17) com a destinação de R$ 867,5 milhões para o fundo, um dos principais mecanismos de financiamento dos partidos políticos.
O valor inicial previsto na proposta enviada pelo governo era de R$ 289,5 milhões. Relator do Orçamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que ampliou os recursos em R$ 578 milhões para atender um pedido dos partidos -que temem a redução das doações privadas depois da Operação Lava Jato.
Durante a reunião, os peemedebistas voltaram a reclamar da falta de espaço para negociar com o governo medidas, principalmente econômicas, antes de elas serem encaminhadas ao Congresso. Eles cobraram do líder que consiga mais espaço para o partido.
EDUCAÇÃO
Picciani reiterou a posição da bancada na Câmara e afirmou que o PMDB não irá pleitear a vaga deixada pelo ex-ministro Cid Gomes na Educação. Nesta quarta, Cid se demitiu do cargo após ser o protagonista de uma sessão tumultuada no plenário da Câmara convocada para que ele explicasse sua frase de que na Casa há "400, 300 achacadores", gravada durante uma reunião dele com estudantes no Pará.
Cid chegou a ensaiar um pedido de desculpas a alguns parlamentares, mas acabou dando estocadas em deputados governistas infiéis, instando-os a "largar o osso", e atacou o PMDB.
"O comportamento dele era incompatível. Foi uma resposta rápida, inequívoca, demonstrando comprometimento com as instituições. Ela [Dilma] acertou ao tomar uma medida amarga, mas necessária", afirmou Picciani.